Desde jovem, Paiê Kayabi mostrava a que veio ao mundo: tornar-se uma importante liderança indígena do Xingu (MT), determinado a ajudar sua comunidade.

Nascido na aldeia Diauarum, no Parque Indígena do Xingu, de criança auxiliou o pai na roça e nas atividades de pesca.

Aos 14 anos, virou barqueiro dos irmãos Villas-Boas. Anos mais tarde, foi contratado pela Funai (Fundação Nacional do Índio).

Além de abraçar a causa do povo Xinguano, Paiê foi um defensor das crianças na luta contra o infanticídio. Ele e a esposa adotaram três sobreviventes.

O olhar cuidadoso alcançava todos. Ajudou na plantação de arroz, feijão e outros alimentos para a comunidade Kayabi.

Pela dedicada atuação, construiu carreira na Funai e de lá passou para a administração do Parque Indígena do Xingu, época em que dialogou com as 14 etnias que lá vivem, segundo a filha, a técnica de enfermagem, Reateayup Kayabi, 31.

“Ele lutou para conseguir o espaço, verbas para maquinários e os profissionais de saúde, da Escola Paulista de Medicina”, conta Reateayup. Tornou-se o responsável pelo local, além de líder dos Kawaieté.

A Casai (Casa de Saúde do Índio), em Sinop (MT), foi uma conquista de Paiê junto a lideranças.

A alegria de Paiê era o trabalho. Na cidade ou nas aldeias, a calma, educação e o respeito norteavam sua vida.

As filhas são gratas pelo incentivo que receberam do pai para estudar, o que não é comum para as mulheres na cultura indígena.

“Tudo o que nós somos e conseguimos, devemos ao meu pai. Ele não teve a oportunidade de estudar, mas queria os filhos formados. Nos ensinou a lutar pelo que queremos e ajudar a comunidade”, afirma a filha, a administradora de empresas, Iré Kayabi, 40.

Paiê Kayabi morreu dia 24 de abril, aos 60 anos, num acidente automobilístico. Viúvo, deixa sete filhos e seis netos.

 

 

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/05/mortes-ensinou-aos-filhos-a-luta-pelo-bem-da-comunidade-indigena.shtml

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