Calcinha vermelha deixada em uma encruzilhada na estrada indicaria local conhecido como porto da Calcinha, ponto de de logística dos garimpos dentro da Terra Indigena Yanomami – Lalo de Almeida – 06.fevereiro.2023/FolhaPress
Vítimas eram obrigadas a realizar até 15 programas por noite
RIO DE JANEIRO
A Polícia Federal tenta cumprir neste sábado (18), em Boa Vista, capital de Roraima, quatro mandados de prisão temporária contra suspeitos de envolvimento em um grupo que recruta mulheres e menores de idade para serem exploradas sexualmente nos garimpos ilegais localizados na Terra Indígena Yanomami.
Seus nomes não foram divulgados e, por isso, a reportagem não conseguiu localizar suas defesas. Ainda não há a informação se foram presos.
As investigações da operação Palácios, deflagrada nesta manhã, começaram depois de uma adolescente de 15 anos ser resgatada durante operação policial na última terça (14). Ela havia sido cooptada para prostituição em garimpos. A partir do caso, a Polícia Federal chegou a uma rede de exploradores que atua no envio de mulheres e adolescentes para as regiões.
De acordo com o Conselho Tutelar, a jovem relatou que foi mantida em cárcere privado e teve negada a alimentação. “Quando estava menstruada, ela recebia menos alimentos”, disse o conselheiro Franco Rocha, na ocasião.
O grupo de aliciadores, segundo a investigação, entra em contato com as mulheres através de redes sociais, por meio de perfis falsos, e as convidam para trabalhar em diversas áreas de garimpo, inclusive na prostituição, com promessa de ganhos irreais em dinheiro.
O transporte inicial é feito de carro. Os policiais confirmaram que um motorista que trabalha para o grupo levava as vítimas até uma pista de voo clandestina e, de lá, um avião as aguardava para transportá-las à área de garimpo.
Ao chegarem, as mulheres e adolescentes eram avisadas de que precisariam pagar por todo o transporte, com valores totais de até R$ 10 mil. A alimentação e a moradia também eram cobradas. Com a dívida, as vítimas chegavam a fazer até 15 programas por noite para quitar o valor, e eram ameaçadas caso se recusem a se prostituir.
Quatro mandados de busca e apreensão e outros quatro mandados de prisão temporária foram expedidos pela Vara de Crimes contra Vulneráveis da Justiça de Roraima. Duas irmãs e o marido de uma delas são os principais suspeitos de envolvimento no esquema.
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