Idosa de 107 anos que teve a doença foi a primeira imunizada, na aldeia Tenonde Porã
A Prefeitura de São Paulo iniciou na manhã desta quarta-feira (20) a vacinação contra a Covid-19 em indígenas da capital nas aldeias de Parelheiros, no extremo sul da cidade.
Cerca de 60% dos cerca de 1.400 indígenas da região já foram contaminados pelo coronavírus, segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido. Dois idosos e uma criança de um ano morreram de Covid-19.
No auge da contaminação, em julho, a prefeitura precisou montar uma espécie de hospital de campanha ao lado do posto de saúde da aldeia para abrigar os doentes e separá-los do convívio com os demais.
A primeira vacinada foi a indígena mais velha da aldeia Tenonde Porã, Maria Rita da Silva, 107, que foi uma das contaminadas.
Como ela só fala guarani, uma agente de saúde da UBS Vera Poty serviu como intérprete e afirmou que a idosa disse estar muito feliz ao receber a vacina. Segundo a agente de saúde, Maria Rita teve febre e sentiu fortes dores de cabeça quando estava com Covid, mas não apresentou sintomas mais graves.
A prefeitura espera imunizar os indígenas das 11 aldeias de Parelheiros e das sete comunidades do Jaraguá em uma semana, totalizando cerca de 3.000 pessoas.
“A gente não via a hora dessa vacina chegar. Nunca vimos uma doença pegar tanta gente aqui a aldeia”, disse o líder indígena Pedro Delane.
A vacinação dos indígenas é organizada pelos funcionários do posto de saúde da aldeia, que avisam quando cada um deve comparecer ao local para receber a dose. Os idosos estão sendo priorizados.
O secretário ainda afirmou que a capital espera a piora de casos e internações por Covid-19 para a próxima semana. A alta seria motivada pelas aglomerações nas festas de fim de ano.
A cidade tem hoje média móvel diária de 2.000 novos casos da doença. No pico da pandemia, essa taxa chegou 2.790. A ocupação dos leitos de UTI para tratamento de Covid é de 64% e dos de enfermaria, 75%.
Aparecido ainda afirmou que nos próximos dias deve se reunir com representantes do governo do estado para discutir a abertura de leitos na capital.
Estava prevista a abertura de 110 leitos no Hospital Brigadeiro ainda em janeiro, mas, segundo Aparecido, como o cilindro de oxigênio que atenderia a unidade precisou ser enviado para Manaus, onde pacientes morreram pela falta do material nos respiradores, as novas vagas entrarão em funcionamento apenas em março. A maior demanda, segundo o secretário, é de leitos de enfermaria.
O prefeito em exercício, Ricardo Nunes, disse que a capital está com toda a estrutura preparada para iniciar a imunização dos idosos acima de 75 anos assim que mais doses forem disponibilizadas.
A cidade já recebeu 203 mil vacinas e deve receber outro lote igual dentro de dez dias —tudo destinado à imunização de profissionais da saúde que trabalham na linha de frente contra a Covid, idosos em moradias de longa permanência e indígenas.
Segundo o secretário da Saúde, a capital tem capacidade de vacinar 600 mil pessoas por dia, mas ainda não há data para o início da imunização dos idosos acima de 75 anos, em razão da indisponibilidade de doses.
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