A Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em João Pessoa, em parceria com o Povo Potiguara, conduziu uma série de eventos indígenas, com destaque para a “Assembleia da Juventude Potiguara,” realizada de 30 de novembro a 1º de dezembro na Escola Pedro Poti, na aldeia São Francisco. O evento reuniu representantes da juventude de 32 aldeias das Terras Indígenas Potiguara, Potiguara de Monte-Mor e São Domingos.

O tema central da assembleia foi “O que a juventude potiguara quer?”, incluindo discussões sobre respeito, igualdade, saúde, educação, união, representatividade, igualdade de gênero e o direito de ocupar plenamente seu espaço como jovens Potiguara.

Vitor Cruz, indígena Potiguara e Coordenador Geral do Coletivo Apaié Potigura, destacou a importância de diálogos sobre educação, saúde, território, movimento político, ancestralidade e espiritualidade. Ele enfatizou a inclusão da vivência LGBTQIAPN+, promovendo uma compreensão mais abrangente da cosmovisão indígena.

O cacique da Aldeia Forte, Caboquinho Potiguara, ressaltou a importância das assembleias para fortalecer a luta pelos direitos constitucionalmente garantidos, especialmente relacionados à terra, saúde, educação e à comunidade LGBTQIAPN+. Ele salientou o papel relevante de instituições como a Funai e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), bem como o apoio de diversos setores, para fortalecer a causa indígena.

Clara Potiguara, eleita durante a Assembleia representante Potiguara da juventude na Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste,Minas Gerais e Espirito Santo (Apoinme), descreveu a assembleia como “revolucionária por suas mesas com pautas necessárias e inéditas”, pontuando a necessidade de se buscar resoluções efetivas para as demandas da juventude Potiguara.

Assembleias Aldeia Akajutibiró e Cidade de Rio Tinto-PB

Além da Assembleia da Juventude Potiguara, a Coordenação Regional da Funai em João Pessoa também apoiou a realização da “Assembleia da Aldeia Akajutibiró” e da “Assembleia da Organização dos Indígenas Potiguara da Cidade de Rio Tinto-PB.”

A Assembleia da Aldeia Akajutibiró, realizada de 28 a 29 de novembro, concentrou-se em temas como educação indígena, saúde indígena, território, meio ambiente e legislação, com destaque para a ancestralidade.

O cacique Francinaldo, líder da Aldeia Akajutibiró, enfatizou a relevância do encontro. “O evento foi extremamente positivo, provocando reflexões sobre o futuro de Akajutibiró. O que mais destacamos dessa assembleia foi a união da comunidade na discussão de temas que estimularão as autoridades a buscar políticas públicas para nossa aldeia. Que esta assembleia sirva de exemplo inspirador para outras comunidades, incentivando a realização de seus próprios encontros, promovendo diálogos construtivos e impulsionando esforços por melhorias coletivas”, afirmou.

A Assembleia da Organização dos Indígenas Potiguara da Cidade de Rio Tinto-PB, em 3 de dezembro, abordou temas como saúde e educação diferenciada para indígenas urbanos, racismo, discriminação e preservação da história e identidade cultural.

Tatiana Cândido de Lima, liderança indígena, compartilhou as lutas diárias dos indígenas na cidade e a necessidade de políticas públicas para preservar a identidade cultural. “O indígena que vive na cidade trava uma luta diária para ter visibilidade, fugir da desigualdade social e discriminação. Mas o receio de se autodeclarar como indígenas torna-se cada vez mais constante. Alguns preferem esconder sua identidade para fugir da discriminação. Apesar de todas essas dificuldades encontradas no contexto urbano, temos a esperança de que, algum dia, todo esse preconceito possa ser amenizado e que nós povos originários possamos viver nossa cultura, nossos costumes, ter o direito de ir e vir sem negarmos o que somos”, disse.

”A Assembleia dos Povos Indígenas em Contexto Urbano nos trouxe a chance de podermos falar que estamos aqui, que existimos, que não deixamos de ser indígenas por morar na cidade, que precisamos que sejam criadas políticas públicas, uma saúde diferenciada, uma educação onde nossos filhos possam ter o direito de aprender nossa cultura e nossos costumes para não perdermos nossa identidade que tende a ser arrancada de nós por não morarmos na aldeia. Que nossa voz seja ouvida, que possamos ter apoio para vivermos onde quisermos e não sermos forçados a esquecer nossas tradições e costumes”, completou Tatiana.

O chefe do Serviço de Promoção dos Direitos Sociais da unidade regional da Funai, Wdson Fernandes, explica como se dá a atuação do órgão indigenista. “A atuação da Funai vai além do suporte às assembleias indígenas. Nosso empenho se estende à tarefa de encaminhar e monitorar as demandas apresentadas, colaborando ativamente com órgãos federais, estaduais e municipais. Acreditamos no diálogo construtivo como ferramenta fundamental, valorizando a riqueza da diversidade cultural e reconhecendo a necessidade de políticas diferenciadas para os indígenas. Nossa missão é assegurar a implementação efetiva de políticas públicas que promovam a qualidade de vida e o bem-estar dos indígenas na Paraíba”, pontuou.

As assembleias não apenas destacaram as necessidades da comunidade Potiguara, mas também sublinharam a importância do diálogo interno e externo para o fortalecimento contínuo da causa indígena. Esses eventos fortalecem a identidade e os direitos dos Potiguara, além de oferecerem uma plataforma para enfrentar os desafios vividos pela comunidade indígena.

Assessoria de Comunicação / Funai

Fonte: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2023/assembleias-potiguaras-tratam-de-temas-como-juventude-ancestralidade-e-demandas-indigenas-urbanas

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