Comunidades indígenas Guarani e Kaingang do Paraná iniciam nos próximos dias a colheita da erva-mate nas Terras Indígenas Mangueirinha, Rio de Areia e Marrecas. A produção beneficia cerca de 700 famílias, que desempenham a atividade em uma área de aproximadamente 30 mil hectares. A iniciativa conta com o apoio da unidade descentralizada da Fundação Nacional do Índio (Funai) localizada em Guarapuava (PR).

A erva-mate produzida pelos indígenas no Paraná tem reconhecimento de produção orgânica no Brasil, Estados Unidos e União Europeia. No ano passado, a Funai assinou uma Carta de Anuência que autoriza a exportação de 10 toneladas de erva-mate produzidas na área indígena para a Guayakí Yerba Mate, empresa de bebidas orgânicas sediada na Califórnia, Estados Unidos. A parceria envolve cerca de 300 coletores indígenas. A empresa é responsável pelo beneficiamento e exportação do produto.

De acordo com o coordenador regional da Funai em Guarapuava, José Luiz Tusi Perazzolo, as Terras Indígenas onde a produção é desenvolvida possuem ecossistemas florestais com maior integridade, o que possibilita aos indígenas realizarem a colheita tanto na safra, entre os meses de junho e setembro, quanto na safrinha, que vai de novembro até o início de fevereiro. “Já o período de brotação da erva-mate, de outubro a novembro, é respeitado pelos produtores indígenas”, explica Perazzolo. Conforme os produtores indígenas, a renda semanal com a venda da erva-mate chega a R$ 400, em média, por coletor.

Valorização

O coordenador-geral de Etnodesenvolvimento da Funai, Juan Felipe Scalia, destaca a importância de projetos sustentáveis que envolvam o apoio da iniciativa privada às tradicionais atividades produtivas dos indígenas, resultando em geração de renda às comunidades. “Para a Funai é muito satisfatório apoiar negócios sustentáveis que valorizam os escassos ervais nativos de mate e o extrativismo indígena, ainda mais em se tratando de parcerias junto a empresas com políticas corporativas socioambientais robustas, como a Guayakí Yerba Mate”, afirma.

“A Guayaki Yerba Mate valoriza a interdependência tanto de ecossistemas quanto de culturais indígenas das comunidades, e seu impacto a nível local, regional e global”, ressalta Alex Pryor, cofundador e membro do Conselho Diretor da empresa.

Autonomia

Outros projetos que contam com o apoio da Funai têm apresentado resultados expressivos na transformação da realidade das comunidades indígenas, como a produção de grãos do Povo Paresi no Mato Grosso, a colheita de castanha dos Cinta Larga e a cafeicultura dos Paiter Suruí, ambas em Rondônia.

Nos últimos dois anos, a Funai já investiu aproximadamente R$ 30 milhões em projetos voltados para a geração de renda nas aldeias e o fortalecimento cultural das comunidades indígenas, atendendo aos preceitos constitucionais de respeito aos usos, costumes e tradições de cada etnia. Os recursos foram destinados para ações que visam a autossuficiência dessas comunidades, como a aquisição de materiais de pesca, sementes, mudas, insumos, ferramentas, maquinário agrícola, apoio para o escoamento da produção e realização de cursos de capacitação para os indígenas.

Desde o início da pandemia de covid-19, em março de 2020, a Funai destinou cerca de R$ 18 milhões a ações de etnodesenvolvimento em todo o país. Os recursos foram investidos em atividades de piscicultura, roças de subsistência, colheita de lavouras, confecção de máscaras de tecido e artesanato, produção agrícola, casas de farinha, entre outros. O objetivo é fazer com que os indígenas mantenham a produção, além colaborar para que, no período pós-pandemia, as etnias invistam em processos de geração de renda.

Assessoria de Comunicação / Funai
com informações da Coordenação Regional Guarapuava

Agricultura e Pecuária

 

 

 

Fonte: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2021/autonomia-indigenas-guarani-e-kaingang-iniciam-a-colheita-de-erva-mate-no-sul-do-pais

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