A Fundação Nacional do Índio, por meio da Coordenação-Geral de Etnodesenvolvimento (CGETNO), ligada à Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável (DPDS), apoia as atividades de etnodesenvolvimento e etnoturismo em Terras Indígenas. Na semana do Abril Indígena, a Funai divulgará projetos que têm se destacado na área de sustentabilidade e gerado renda para as comunidades.
Castanha e café
Em Rondônia, o café produzido pela etnia Suruí e a castanha dos Cinta Larga têm chamado a atenção do mercado nacional e internacional. O sucesso é tanto, que o café indígena ficou entre os três melhores do Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia – Concafé — e ganhou como parceiro a empresa Três Corações, uma das melhores do Brasil. Em 2018, a produção estimada por aldeia foi de mais de mil toneladas. Para 2019, a estimativa é de que chegue a quase duas mil toneladas. E em 2020, mais de três mil.
Já a produção de castanha nas Terras Indígenas Sete de Setembro, Roosevelt e Parque do Aripuanã tem batido recorde de produção. A safra 2016/2017 foi de 100 toneladas, e a de 2017/2018, 250 toneladas.
Carcinicultura
A carcinicultura (produção de camarão) dos Potiguara, na Paraíba, também tem chamado a atenção dos empresários brasileiros. A atividade movimenta aproximadamente 70 toneladas por ano, o que equivale a R$ 1,5 milhão para as comunidades indígenas da região.
O presidente da Funai, Franklimberg de Freitas, ressalta que essas atividades são exclusivas das comunidades indígenas que desejam produzir para gerar renda. “De acordo com a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, os indígenas têm o direito de escolherem o seu modelo de desenvolvimento econômico. A Funai está aqui para apoiar aqueles que desejam produzir para fora e também para as comunidades que só produzem para seu próprio sustento”, ressalta.
Turismo
“O etnoturismo tem sido umas das atividades mais solicitadas pelas comunidades indígenas”, revela o presidente da Funai. De acordo com Franklimberg, o número de turistas que têm procurado as Terras Indígenas para pesca esportiva e outros tipos de atividades sustentáveis tem crescido consideravelmente. “Os turistas buscam as Terras Indígenas principalmente porque elas são as mais bem preservadas do país”, explica Franklimberg.
O etnoturismo tem ganhado até pacote de viagens em empresas de turismo. Na aldeia Watare (MT), os turistas podem encontrar tranquilidade, sustentabilidade e ainda conhecer a cultura indígena local. Em 2018, a aldeia do cacique Roni Paresi recebeu turistas de oito países diferentes, totalizando 180 pessoas. O período aberto para receber os turistas vai de maio a novembro. Em 2019, apenas para o início da temporada, já estão fechados pacotes para receber 12 americanos e 10 russos.
Outro destino muito procurado tem sido a Pousada Recanto do Xingu (MT), administrada pelos indígenas Kalapalo. Em 2018, foram recebidos 256 turistas. A previsão para 2019 é de pelo menos 300.
Já no Amazonas, a Terra Indígena Tenharim Marmelos recebe turistas desde 2005. No ano passado, foram 64 durante a temporada de dois meses (julho e agosto), período em que o rio está no período vazante na região. São oito turistas por semana, que ficam, geralmente, sete dias no local.
No Rio Negro, o projeto Rio Marié de Turismo e Pesca Esportiva, iniciado em 2013, tem, em sua maioria, turistas americanos (50% do total). Trinta por cento são brasileiros, 8% europeus e 12% de outros países. A espécie alvo da pesca esportiva é o Tucunaré e a temporada compreende o período máximo de 18 semanas, com no máximo oito turistas por semana – números definidos a partir dos estudos ambientais realizados pelo Ibama em parceria com a Funai, contando com as deliberações do Comitê Gestor.
A temporada da pesca vai de agosto a fevereiro, com um máximo de visitação de 144 turistas por temporadas nas terras indígenas do Médio Rio Negro I e II. Os resultados das quatro primeiras temporadas renderam para a ACIBRN (Organizações dos Povos Indígenas do Rio Negro) R$ 820.576,10, totalmente transformados em investimentos coletivos aplicados nas comunidades. Além disso, a ACIBRN faz a gestão de outros R$ 90 mil a cada ano para o funcionamento do sistema de proteção e vigilância e para manter os trabalhos da associação e mobilização das comunidades em torno da gestão territorial.
Durante esta semana, o site da Funai detalhará como essas atividades têm ajudado os indígenas a se desenvolverem economicamente e garantirem mais recursos para suas comunidades.
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