Foto: Lohana Chaves/Funai

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Foto: Lohana Chaves/Funai

Adiversidade linguística e cultural dos povos indígenas no Brasil e a importância de novas formas de comunicação para sensibilizar a sociedade, bem como a histórica relação dos povos indígenas com seus territórios, por meio de práticas sustentáveis que contribuam para o equilíbrio ecológico, foram destacados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Esses e outros pontos foram evidenciados pela presidenta Joenia Wapichana na terça-feira (22), ao participar do painel “Vozes da Amazônia: Perspectivas indígenas sobre a conservação da biodiversidade e resiliência diante das mudanças climáticas”. 

O evento foi promovido pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), como parte da programação da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16), em Cali, na Colômbia. O painel trouxe reflexões sobre o papel dos povos indígenas na preservação ambiental e nos esforços de adaptação às mudanças climáticas. E também destacou a importância do conhecimento tradicional indígena na preservação da biodiversidade e no enfrentamento das crises ambientais.

Os povos indígenas da Amazônia desempenham um papel fundamental na conservação da biodiversidade, aplicando técnicas como a agricultura de baixo impacto, o extrativismo e o uso medicinal de plantas. Esses conhecimentos são transmitidos de geração em geração e são essenciais para a preservação de florestas e ecossistemas inteiros

Joenia Wapichana, presidenta da Funai

“Os povos indígenas da Amazônia desempenham um papel fundamental na conservação da biodiversidade, aplicando técnicas como a agricultura de baixo impacto, o extrativismo e o uso medicinal de plantas. Esses conhecimentos são transmitidos de geração em geração e são essenciais para a preservação de florestas e ecossistemas inteiros”, explicou a presidenta da Funai.

O filme brasileiro Território Pequi, exibido durante o evento, ilustra de forma clara essa conexão. O documentário, produzido pelos povos Kuikuro do Alto Xingu, retrata a relação dos povos indígenas com o pequizeiro, símbolo de um vasto patrimônio cultural e genético, essencial para os sistemas agrícolas sustentáveis da Amazônia.

Diversidade linguística 

Sobre a diversidade linguística e cultural, Joenia destacou que chegou o momento de os “não indígenas” também se esforçarem para compreender os povos indígenas, que muitas vezes se comunicam em suas línguas maternas, e não apenas em português. Ela ressaltou que os indígenas têm feito grandes esforços para aprender o português e outras línguas para participar desses encontros, mas agora é necessário que a sociedade não indígena também busque entender e valorizar essa diversidade linguística.

“O português não é a nossa primeira língua. Temos 274 línguas indígenas no Brasil, representando 305 povos. Isso reflete a diversidade dos nossos povos. Nós nos esforçamos para aprender o português para poder participar desses encontros e, também, nos esforçamos para aprender o espanhol, assim como outros idiomas, para nos comunicar. Agora, acredito que, estrategicamente, este é o momento de nos comunicarmos de outras formas, seja por meio de filmes ou de outros meios que sensibilizem a sociedade”, declarou.

Desafios para conservar a biodiversidade

O painel também abordou os desafios que os povos indígenas enfrentam atualmente para manter a biodiversidade em seus territórios. Foi mostrado como a expansão do agronegócio, o desmatamento e a exploração ilegal de recursos naturais representam ameaças crescentes às terras indígenas.

A ausência e morosidade de demarcação de terras, somado aos conflitos territoriais têm sido desafios para a autonomia dos povos indígenas na gestão sustentável dos territórios tradicionalmente ocupados. “Essas questões enfraquecem a continuidade das práticas tradicionais que protegem a biodiversidade e garantem a subsistência das comunidades”, refletiu Joenia Wapichana.

Financiamento climático

A Funai tem desempenhado um papel fundamental na defesa dos direitos dos povos indígenas e na proteção de seus territórios. A instituição conta com o apoio de parceiros internacionais, como a GIZ, para promover mecanismos de financiamento climático que sejam culturalmente adequados, garantindo que as comunidades e povos  indígenas tenham participação ativa nas políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Nós nos esforçamos para aprender o português para poder participar desses encontros e, também, nos esforçamos para aprender o espanhol, assim como outros idiomas, para nos comunicar. Agora, acredito que, estrategicamente, este é o momento de nos comunicarmos de outras formas, seja por meio de filmes ou de outros meios que sensibilizem a sociedade

Joenia Wapichana, presidenta da Funai

Joenia Wapichana ressaltou a importância de garantir que os recursos financeiros destinados ao combate às mudanças climáticas levem em consideração as realidades e necessidades dos povos indígenas, promovendo equidade na distribuição por meio de mecanismos como os planos de vida das comunidades.

COP 16

A COP de Biodiversidade é o principal fórum global no qual os países se reúnem para discutir e negociar ações para a conservação da biodiversidade, fruto de um tratado internacional adotado na Cúpula da Terra no Rio de Janeiro em 1992. Seu objetivo é estabelecer agendas, compromissos e marcos de ação para conservar a diversidade biológica e seu uso sustentável, bem como garantir a repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes do uso dos recursos genéticos.

A biodiversidade engloba a variedade de espécies, ecossistemas e recursos genéticos que sustentam a vida na Terra, e sua preservação é essencial para manter o equilíbrio ecológico, garantir a segurança alimentar, combater as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável.

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Assessoria de Comunicação/FunaiCategoria

Meio Ambiente e Clima

Tags: biodiversidadeCOP 16mudanças climáticas

Fonte: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2024/funai-destaca-papel-dos-povos-indigenas-na-conservacao-da-biodiversidade-e-valorizacao-da-diversidade-linguistica-na-cop-16

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