Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), representada pela Coordenação Regional Araguaia Tocantins, lamenta o falecimento de Nakwatxa, uma anciã perseverante do Povo Avá-Canoeiro, que resistiu às contradições impostas antes e após o contato, ocorrido em 1983, em Minaçu (GO). A indígena faleceu nesta quinta-feira (4) em seu estado natal.

Em 28 de abril deste ano, os Avá-Canoeiro tiveram sua terra homologada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o encerramento do Acampamento Terra Livre, em Brasília (DF). Essa foi a maior conquista sobre uma luta travada durante décadas pela etnia, cujas novas gerações desfrutarão de seus direitos garantidos.

Importante referencial dos Avá-Canoeiro, que foram quase extintos por sucessivos massacres ao longo dos séculos, Nakwatxa continuará sua luta por meio de outros membros de seu povo que compartilharão entre eles sua identidade, memória e história: Matxa, Tuia, Trumak e Niwathima.

Segundo a antropóloga Eliana Granado, que conviveu com os Avá-Canoeiro por muitos anos, Nakwatxa sempre falava em Avá-Canoeiro com todos, pressupondo que também falavam sua língua: “Para muitos, a indígena tinha uma força de tradução dos mundos denominada ‘pajé’ (ipaji). Agora, Nakwatxa seguirá para ywakypé (céu, em sua língua), irá reencontrar seus ancestrais. A indígena estará rodeada de agaguna e tui (araras e periquitos) e outros xilymaw (xerimbabos) que ela criava e tanto amava.”

Já para Carlos Dias, motorista do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Araguaia e companheiro dos Avá-Canoeiro por 15 anos, “A fogueira de Nakwatxa se mantém acesa em nossos corações”.

Durante seus últimos dias de vida, as equipes da CR Araguaia Tocantins, do DSEI Araguaia, da Secretaria Estadual de Saúde do Goiás e do Hospital Estadual Centro Norte Goiano puderam vivenciar o privilégio de terem sobre seus cuidados essa grande guerreira.

Em especial, o Hospital Estadual Centro Norte Goiano proporcionou à indígena assistência pluriétnica e multicultural humanizada, oferecendo uma rede no ambiente hospitalar e estabelecendo um canal dialógico e inclusivo com a família da paciente.

Nakwatxa representa a história viva de um passado recente dos Avá-Canoeiro marcado pela invisibilidade, violência e injustiças sofridas. A liderança tinha em seu corpo as marcas de balas das violências sofridas por aqueles que queriam calá-la, e carregava na alma a força da guardiã de histórias, lutas e resistências que poucos tiveram o privilégio de ouvir.

Assessoria de Comunicação / Funai

Fonte: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2023/nakwatxa-guerreira-ava-canoeiro-deixa-um-legado-de-luta-e-resistencia-de-seu-povo

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