A Funai apoiou, na última semana, conjunto de eventos realizados pelas Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá (Apoianp), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônia (Coica) na Universidade Federal do Amapá (Unifap), em Macapá.

Durante toda semana, a universidade recebeu cerca de mil indígenas dos povos Karipuna, Galibi-Marworno, Galibi-Kalinã, Palikur, Waiãpi, Waiana, Apalaí, Tiriyó, Kaxuyana e demais grupos advindos dos países da Bacia Amazônica no I Chamado Internacional dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará, II Encontro de Mulheres Indígenas Amazônicas, IV Cúpula da Amazônia e X Assembleia Geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica.

Além do apoio logístico oferecido pela Funai, a instituição se fez presente em mesas redondas do I Chamado Internacional dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará. O evento merece destaque por ter sido promovido pelos povos indígenas locais, por meio da Apoianp, trazendo à discussão assuntos de grande relevância para essa população junto a segmentos políticos e institucionais. Palestras, apresentação de trabalhos acadêmicos, exposições, feiras, rodas de debates e apresentações culturais foram algumas das atividades desenvolvidas.

Leia Rodrigues, coordenadora-geral de promoção da cidadania, pontuou a relação entre políticas públicas e mulheres indígenas na mesa intitulada I Chamado das mulheres indígenas junto a Mariazinha Baré, da Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas, Nilde Sousa, da Coordenação de Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e do Comitê Internacional do Fórum Social Pan Amazônico, Rosa Pitaguary, da Associação de Mulheres Indígenas do Ceará (Amice) e Almerinda Ramos, da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).

Ao apresentar histórico do movimento indígena feminino, Leia explicou a atuação da Funai junto às mulheres indígenas em promover espaços de discussão e atuação feminina nas lutas dos povos indígenas. Ressaltou, ainda, alguns aspectos importantes para o trabalho na área como a necessidade do olhar atento aos diferentes espaços de influência das mulheres ao invés do enfoque apenas na ausência delas no espaço cuja ocupação maior é masculina e a importância de observar a relação entre a divisão de papeis de homens e mulheres dentro das comunidades, buscando valorizar e fortalecer esses papeis e não ignorá-los ou fazer interferências a partir de concepções desenvolvidas externamente.

Foto: Paulo Negreiros/Funai

Izabel Gobbi, antropóloga da Coordenação de Processos Educativos, representou a Funai na mesa Educação indígena e educação escolar indígena junto à professora Elissandra Barros, da Licenciatura Indígena da Unifap, Eclemilda Macial e Karina Santos, da Secretaria de Educação do Amapá – SEED/AP, Edson Kayapó, do Instituto Federal da Bahia(IFPA) e Chiquinha Paresi, da Secretaria de Educação de Mato Grosso(Seduc/MT).

O destaque da servidora foi para o direito dos povos indígenas a processos educativos próprios e à educação escolar específica, diferenciada, intercultural, bilíngue, multilíngue e comunitária garantidos pela legislação brasileira. Izabel também enfatizou o apoio da Funai aos processos educativos comunitários declarando que a instituição, acima de tudo, reconhece os diferentes tempos e espaços de ensino e aprendizagem construídos pelos povos indígenas em momentos como de confecção de artesanato, coleta de alimentos, brincadeiras, manifestações de rituais sagrados e outras atividades tradicionais comunitárias. “A escola é tida por nós, não indígenas, como grande lugar de ensino e aprendizagem, mas têm outros espaços que são fundamentais e até mais importantes para a construção da pessoa”, pontuou a antropóloga.

Ao final do I Chamado foi produzido documento que apresenta os anseios, exigências e repúdios dos povos participantes, entre as declarações estão a não aceitação de decisões sobre os povos indígenas sem consulta, da imposição de modelos escolares e do desrespeito, além da exigência de autonomia, assistência e acesso à saúde e educação em todos os níveis além da provisão de outras necessidades para que a juventude não seja obrigada a migrar da aldeia para grandes cidades separando-se da sua família e povo.

“Continuamos Chamando a sociedade, os governos, as instituições e as pessoas para dialogar. Queremos ser reconhecidos e respeitados. Temos o direito à igualdade e à diferença. Essa é a nossa luta e continuamos a resistir”, declararam os povos indígenas no documento final.

Fonte: http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/4948-povos-indigenas-do-amapa-e-norte-do-para-promovem-troca-de-experiencias-com-comunidades-estrangeiras-da-bacia-amazonica

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