O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, participou na quarta-feira (30) da abertura da “Parecis SuperAgro 2022: Feira de Tecnologia e Negócios”, que segue até sexta (1°) no Parque de Exposições Odenir Ortolan, em Campo Novo do Parecis (MT). Entre os destaques desta edição está a produção de grãos desenvolvida pelos indígenas Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki. A atividade movimenta cerca de R$ 140 milhões ao ano. Acompanharam o presidente da Funai na visita representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal. Confira aqui as fotos do evento.

De acordo com Xavier, o objetivo da visita foi aproximar os agricultores indígenas das instituições bancárias a fim de viabilizar parcerias que possibilitem o acesso ao crédito. Pelo BNDES, participou o assessor da Presidência, Fernando Anton Basus Bispo, e pela Caixa Econômica Federal a superintendente do Mato Grosso, Daiana Sarda, a superintendente executiva de Atacado, Larissa de Fátima Ramos, e o superintendente executivo de Varejo na região, Jonathan Barcelo. Além do presidente Marcelo Xavier, a comitiva da Funai contou ainda com a presença do diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Fernando Fantazzini Moreira, do coordenador regional da Funai em Cuiabá (MT), Benedito Garcia Araújo, e do chefe da Coordenação Técnica Local (CTL) de Campo Novo, Joelson Kinizokemaece.

O incentivo à geração de renda nas aldeias está entre as prioridades de Marcelo Xavier, bem como a pacificação de conflitos e a segurança jurídica. “O apoio ao etnodesenvolvimento é fundamental para a conquista da autossuficiência nas aldeias. Ao impulsionar atividades como a produção de alimentos e o turismo, sempre com respeito aos usos, costumes e tradições dos indígenas, colaboramos para que eles melhorem de vida e tenham uma trajetória cada vez mais autônoma. Com o acesso ao crédito, essas atividades podem alcançar um patamar ainda mais expressivo, por isso a importância deste encontro que estamos oportunizando no dia de hoje. Trata-se de uma iniciativa inédita, que poderá render grandes frutos para as comunidades indígenas”, pontua Xavier.

Para o representante do BNDES, Fernando Bispo, o trabalho agrícola realizado pelos indígenas é um exemplo, e a parceria poderá ampliar o alcance desse projeto. “É surpreendente chegar aqui e ver o nível de engajamento dos indígenas nesse projeto, o caminho que já percorreram até aqui e a garantia da sustentabilidade, tanto cultural quanto alimentar, que eles apresentam. Realmente é um case de sucesso. Essa parceria que está se estabelecendo, entre a Funai e o BNDES, visa justamente impulsionar e ajudar de diferentes formas esse trabalho agrícola das etnias que assim desejarem”, ressalta Fernando.

Segundo a liderança Haliti-Paresi, Ronaldo Zokezomaiake, o acesso às fontes de crédito vai qualificar o formato das iniciativas que são desenvolvidas nas aldeias. “Há anos nós buscamos esse espaço e, hoje, estamos mostrando para as instituições os nossos projetos, o que nós já fizemos e o que ainda queremos fazer. A ideia é construir novos formatos para obter essas linhas de crédito junto aos bancos e ampliar as nossas atividades nas áreas indígenas”, afirma Ronaldo. 

Na ocasião, também foi apresentado um estudo sobre a regularização ambiental da agricultura em Terras Indígenas. O documento foi protocolado pela etnia junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a fim de obter o licenciamento ambiental da atividade, o que é considerado um marco para a produção indígena.

A comitiva visitou os estandes da Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki (Coopihanama) e da Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti-Paresi (Coopiparesi), onde foram apresentadas as principais demandas das entidades, bem como detalhados os avanços obtidos nos últimos anos.

O cultivo de grãos como soja, milho e feijão pelas etnias Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki ocorre em locais já antropizados, sendo um exemplo bem-sucedido de etnodesenvolvimento na Região Centro Oeste. A Funai vem apoiando em todo o país iniciativas como essa, que promovem a autonomia das comunidades indígenas, por meio da geração de renda, de forma responsável.

A presidente da Coopihanama, Eliane Zoizocaeroce, destaca que os indígenas trabalham com agricultura familiar há mais de 15 anos, ocupando menos de 2% da área indígena. “Os 98% restantes são totalmente preservados sem qualquer tipo de invasão ou degradação. Trabalhamos com agricultura em larga escala e as nossas etnias optaram por desenvolver a agricultura de precisão com responsabilidade social, ambiental e sempre pautada na legalidade. Atualmente trabalhamos em 19 mil hectares de lavoura mecanizada, além das roças e demais projetos agrícolas familiares”, pontua Eliane.

Na atual gestão da Funai, sob liderança do presidente Marcelo Xavier, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) visando regularizar a produção agrícola, por meio de lavouras mecanizadas, nas Terras Indígenas Rio Formoso, Paresi, Utiariti, Tirecatinga e Irantxe, em Mato Grosso. Com o TAC, os indígenas puderam retomar a utilização da área designada para a produção agrícola mecanizada, a fim de viabilizar o comércio no exterior. O documento foi assinado pela Funai, Ministério Público Federal, Ibama e cooperativas dos indígenas Haliti, Nambikwara e Manoki.

A feira

A Parecis SuperAgro é considerada uma das maiores feiras agrícolas do estado do Mato Grosso. Mais de 150 marcas realizam a exposição de serviços e produtos nos quatro dias de atividades.

Visita à produção indígena

A comitiva formada por representantes da Funai e de instituições bancárias também conferiu de perto a produção de grãos desenvolvida pelos indígenas. Eles percorreram as lavouras de milho cultivadas pelas etnias, localizadas em áreas próximas aos municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal. O cultivo de grãos ocupa quase 20 mil hectares de um total de 1,3 milhão de hectares – ou seja, apenas 1,7% da área indígena é usada na atividade agrícola. A produção de soja na safra deste ano, por exemplo, foi de 3.600 toneladas por hectare, o que corresponde a 60 sacas por hectare, em média – mais de 1 milhão de sacas de soja de 60 quilos cada uma.

Quatro cooperativas indígenas atuam conjuntamente nas lavouras: Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki (Coopihanama), Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti-Paresi (Coopiparesi), Cooperativa dos Produtores Rurais da Cultura Mecanizada da Etnia Paresi (Coopermatsene) e a Cooperativa Agropecuária Indígena Rio Verde (Coopirio). Na ocasião, a comitiva visitou os escritórios da Coopihanama em Campo Novo do Paresis e da Coopiparesi na área indígena.

Juntas, as cooperativas movimentam a renda local a partir do cultivo de grãos pelas etnias Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki, em lavouras distribuídas em cinco Terras Indígenas: Paresi, Rio Formoso e Utiariti (etnia Paresi), Irantxe (etnia Manoki); e Tirecatinga (etnia Nambikwara). Aproximadamente 3 mil indígenas são diretamente beneficiados com o trabalho.

Assessoria de Comunicação/FunaiCategoriaAgricultura e PecuáriaTags: Produção AgrícolaEtnodesenvolvimentoLavoura MecanizadaAcesso ao CréditoSustentabilidadeProtagonismo Indígena

Fonte: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2022/presidente-da-funai-e-instituicoes-bancarias-visitam-feira-agricola-em-campo-novo-do-parecis-mt

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