Foto: Mayra Wapichana/Funai
AFundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) inaugurou na quinta-feira (4) a placa com o novo nome do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), órgão científico-cultural da autarquia. A inauguração representa um marco histórico para o Museu que, durante 72 anos, carregou a nomenclatura “Museu do Índio”, termo que não representa a diversidade dos 391 povos indígenas do Brasil.
A mudança de nome veio com o decreto de reestruturação da Funai, publicado pelo Governo Federal no dia 7 de agosto de 2025. A alteração do nome e a inauguração da placa foram celebradas em evento realizado na sede do Museu, no Rio de Janeiro (RJ), na véspera do aniversário de 58 anos da Funai.
A cerimônia também foi marcada pela posse da nova diretora do MNPI, Juliana Tupinambá, e da diretora de Direitos Humanos e Políticas Sociais, Pagu Rodrigues, do povo Fulni-ô, ambas mulheres indígenas que ocupam espaços de gestão na Funai.
Reparação histórica
A alteração do nome da instituição reconhece que o termo “índio” é derivado de um engano dos colonizadores que, quando chegaram ao Brasil, acreditavam ter encontrado as Índias, que chamavam de “outro mundo”. O erro foi mantido e utilizado para designar, sem distinção, uma infinidade de povos, alimentando a discriminação, preconceito e violência contra essa população. A palavra “indígena”, por sua vez, significa “originário, aquele que está ali antes dos outros” e valoriza a diversidade dos povos indígena do Brasil.
Por isso, durante a comemoração, a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, destacou o que significa essa mudança de nomenclatura do MNPI. “A gente precisa mostrar os erros do passado para que não se cometa o erro novamente, mostrar as mudanças para encorajar novas, registrar e comemorar essas conquistas porque não é apenas uma mudança de nome, é o que está por trás dessas mudanças que a gente comemora”, ressaltou.
A diretora Pagu Rodrigues também falou sobre o que representa esse momento. Ela afirma que a mudança significa uma reparação histórica. “Mudar o nome do Museu não foi algo apenas simbólico, foi um marco histórico para dizer que a gente não quer mais ser considerado como sujeito pejorativo na história do Brasil. Como o índio, que o colonizador chegou aqui e achou que bastava dominar, construir uma estrutura de Estado e que ia simplesmente fazer a gente desaparecer do mapa”.
Ao assumir o nome Museu Nacional dos Povos Indígenas, a instituição reafirma seu compromisso com a proteção das culturas dos povos, com a preservação do passado e o olhar no futuro com a intenção de promover o fortalecimento de suas ações nos cenários nacional e internacional.
“Precisamos de representatividade e reunir forças para garantir os direitos, a ancestralidade, a vanguarda dos povos indígenas e retomar nossos espaços”, reforçou a diretora do MNPI, Juliana Tupinambá.
MNPI
Mais do que uma alteração de nome, o evento foi um marco histórico, celebrado por todos que defendem a causa indígena e que lutam diariamente pela garantia de seus direitos constitucionais de forma plena em todo o país.
O MNPI é o órgão científico-cultural da Funai e foi criado em 19 de abril de 1953 como “Museu do índio”. Agora, inicia uma nova trajetória ao adotar seu novo nome, em conformidade com o decreto número 12.581, publicado pelo Governo Federal em 6 de agosto de 2025, no âmbito da reestruturação da Funai.
O ato é uma correção histórica que traduz o avanço conceitual e institucional através do reconhecimento da diversidade e do papel essencial dos povos indígenas na formação étnica do Brasil.
Coordenação de Comunicação Social/Funai
Com informações do MNPI
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