Ricardo Lopes Dias é o novo coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da Funai. Bacharel em Antropologia na Universidade Federal do Amazonas, mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo e doutor em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC, possui fluência no idioma indígena Matses, experiência de dez anos com povos indígenas no Vale do Javari e prática nas áreas de Etnologia Indígena, Identidade e Direitos Humanos. Neste bate-papo, o antropólogo fala sobre como pretende desenvolver seu trabalho na Funai.

 

1) O que o Sr. pretende realizar como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai?

 

Nós vamos manter o que tem dado certo. O modo como tem sido feito o contato, a forma como se isola, se delimita a área de proteção, isso não vai mudar.

 

O que faremos de diferente é uma abertura maior para o diálogo com variados setores. Estou tentando contato com a ABA (Associação Brasileira de Antropologia), que se pronunciou contra a minha indicação. Essa aproximação é relevante.

 

Quero ter contato com associações indigenistas, principalmente as que estão na área do Amazonas. É importante ouvir o que eles têm para falar.

 

2) E como estão as condições de trabalho?

 

Esse ano ainda tem previsão de concurso, de contratação para repor uma defasagem do quadro. A gente vai tentando reposicionar, melhorar as frentes. Temos as limitações econômicas e de pessoal que às vezes não possibilitam fazer um trabalho melhor do que o que está sendo feito até o momento. Mas havendo esses recursos a gente vai tentar melhorar ao máximo.

 

3) Qual será o seu foco principal?

 

A princípio a palavra-chave é diálogo. Da minha parte estou aberto. Quero deixar claro que irei dialogar com todos. Com os acadêmicos, por causa de subsídio teórico, com os indigenistas e com os próprios indígenas, que ao meu ver têm sido pouco ouvidos.

 

Quanto aos isolados a gente nunca pode ouvir na verdade, mas a gente tem informações de pessoas que viram ou constataram a presença ou que suspeitam da presença de outras populações, a gente tem que ouvir esse pessoal.

 

4) E como o senhor fará o monitoramento das frentes de proteção etnoambiental?

 

Eu quero conhecer cada uma dessas frentes, ir pessoalmente, havendo recurso para isso. Quero ter uma visão de campo do que está acontecendo. Os coordenadores já me passaram alguns posicionamentos, porém pretendo ter contato direto a partir de agora. Para mim é importante estar em campo para sentir as demandas locais para que a gente possa viabilizar a permanência desse pessoal nas frentes, possibilitar que eles tenham de fato condição de fazer um bom trabalho. Preciso sentir também as questões de risco que envolvem a ameaça de entrada de missionários clandestinamente, a entrada de madeireiros e de narcotraficantes. Cada uma área tem sua especificidade.

 

 

 

Fonte: http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/5900-ricardo-lopes-dias-fala-sobre-como-sera-seu-trabalho-na-funai

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