Lu Sudré

Discussões da ISA na Jamaica não incluíram comunidades indígenas que vivem na Zona Clarion-Clipperton, região alvo da mineração

Projeção de um homem havaiano com cabelos e barbas branca em um prédio nas ruas da Jamaica
Projeções na Jamaica denunciaram os impactos que a mineração pode causar às comunidades indígenas do Pacífico, afetando negativamente seu patrimônio cultural, segurança alimentar e meios de subsistência (Foto: Greenpeace)

A Zona Clarion-Clipperton (CCZ na sigla em inglês), no Pacífico, se estende entre a costa do México até o Havaí e atualmente é o principal alvo da indústria da mineração em águas profundas. Estima-se que a região possa abrigar 27 toneladas de nódulos polimetálicos – compostos de minerais ricos em cobre, níquel, cobalto e, principalmente, manganês.

Apesar da mineração em águas profundas ainda não ser uma atividade regulamentada, ou seja, ainda não há sinal verde para que as empresas de fato comecem a dragar o leito marinho, testes pré-exploratórios já estão acontecendo nesta região.

Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) se dedicou a analisar o futuro dessa indústria durante as últimas semanas por meio de intensas negociações em Kingston, na Jamaica. 

Além de alertar sobre os impactos extremamente danosos da atividade para a vida marinha, a campanha global do Greenpeace, “Parem a Mineração em Águas Profundas”, também ressalta a importância dos líderes globais ouvirem as vozes das comunidades indígenas do Pacífico.

O líder havaiano Solomon Pili Kahoʻohalahala, conhecido como Tio Sol, compôs a delegação da Greenpeace Internacional na ISA. Ele explicou que, segundo os cânticos havaianos, toda a vida na Terra provém do mar profundo. 

O fundo do mar é a fonte da criação e temos de cuidar de tudo o que nos precede”, defendeu Kahoʻohalahala. “O fundo do mar é quem nós somos e estamos nas mãos da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos”, acrescentou.

Para as comunidades indígenas do Pacífico, a humanidade tem que cuidar do equilíbrio da Honua (Terra), especialmente porque levaram milhões de anos para que o planeta se formasse e se tornasse este lugar repleto de vida. 

No entanto, essa não é uma preocupação das empresas do Norte Global. Elas querem, a todo custo, enviar máquinas gigantescas para escavar e dragar as profundezas dos oceanos O objetivo é encontrar esses metais e minérios, processá-los e vendê-los para a indústria de tecnologia. 

Fonte de alimento e renda

A mineração em águas profundas pode destruir habitats inteiros, impactando diretamente a vida marinha. Mas, além disso, a pluma de sedimentos que resulta do próprio processo de extração e vazamentos de substâncias potencialmente tóxicas dos navios podem atingir espécies para além das que vivem no mar profundo.

Em função das correntes marítimas, a poluição pode viajar por quilômetros, colocando em risco os meios de subsistência das comunidades costeiras e pesqueiras das ilhas do Pacífico. A segurança alimentar dessas populações também estaria comprometida caso os estoques pesqueiros sejam afetados.

:: Brasil se une a países contra mineração em águas profundas ::

Mesmo com essa ligação vital com os oceanos, os povos indígenas havaianos foram excluídos da discussão sobre se a exploração de minérios no fundo do mar deveria ou não ser permitida.

Para denunciar a situação, o Greenpeace realizou projeções em diferentes países. Confira algumas imagens.

Projeção com imagem de liderança de comunidades do Pacífico, impactadas pela mineração. Na imagem, a frase “Sejamos melhores cuidadores do nosso oceano”, em inglês (Foto: Greenpeace)Seguinte

Enrico Marone, porta-voz da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil, destaca a importância da escuta das comunidades locais e, principalmente, da defesa da biodiversidade marinha. 

“Os impactos da mineração em águas profundas podem ser irreversíveis. É urgente proteger todas as formas de vida que existem no mar profundo. Uma moratória global é o único caminho para isso”, argumenta o oceanógrafo.

Outros ativistas e representantes de comunidades do Pacífico estão na Jamaica demandando que suas vozes sejam ouvidas pelos líderes mundiais. Você também pode ajudar a pressionar os países a se posicionarem contra a mineração em águas profundas. Faça parte de nosso abaixo-assinado!

Fonte: https://www.greenpeace.org/brasil/blog/mineracao-em-aguas-profundas-preocupa-comunidades-indigenas-do-pacifico/

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