Movimento Indígena do Médio Purus se fortalece com nova composição
Por Luana Luizy e Marcelo Horta
Aconteceu no dia 3 de dezembro, a 22ª Assembleia do Movimento Indígena do Médio Purus, com o tema: “Cultura, Comunicação e Territórios: Fortalecer para Alavancar o Movimento”.
Em virtude da pandemia, a assembleia ocorreu pela primeira vez de forma híbrida, ou seja, com pontos presenciais e transmissão em tempo real. Os membros da Focimp – a Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus –se reuniram simultaneamente em locais estratégicos, definidos de forma prévia entre as terras indígenas das coordenações regionais da Federação, nos municípios de Beruri, Tapauá, Canutama, Lábrea, Pauini e Boca do Acre, no estado do Amazonas.
“O processo de organização da Assembleia requereu muita atenção e assessoria remota, em questões técnicas como da internet instável; foi um grande desafio articular delegações espalhadas em municípios e aldeias, mas deu certo. Nada disso seria possível sem uma relação de confiança entre os indígenas e os assessores do IEB”, diz o analista socioambiental do IEB, Marcelo Horta, que acompanhou de perto o processo eleitoral.
O evento contou com o apoio do Fundo Casa Socioambiental, por meio de um projeto que viabilizou a instalação de 12 terminais de internet espalhados pelo vasto território que abrange as comunidades do Médio Purus (AM). A Assembleia também contou com a presença de Nara Baré, representando a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), a qual saudou os presentes:
“Estou muito feliz, apesar de não estar presencialmente com vocês. Esse momento é muito importante para a Focimp. Vemos a eleição não como um momento de disputa entre nós, mas de fortalecimento da Focimp com as suas bases”, disse Nara Baré.
Ao todo, 327 delegados indígenas votaram; foram três as chapas concorrentes, e a vencedora ganhou com 194 votos, com uma composição majoritária de mulheres.
“Esperamos que a nossa gestão consiga reerguer a Focimp, para que ela volte a ter credibilidade e, assim, ajudar a realizar as expectativas de cada parente de base, pois vamos trabalhar para eles. Estou muito ansiosa e motivada; tenho várias ideias, mas temos que ir devagar, diante do quadro atual”, afirma Ana Lúcia Pereira Lima Apurinã, que representa uma das quatro mulheres eleitas da nova gestão.
Na ocasião, elegeu-se a nova coordenação geral, os coordenadores regionais, o conselho fiscal e os respectivos suplentes. 
Da esquerda para a direita: Ana Lima, Ronia, Cícero, ao centro ( Zé Bajaga), Mabel Fernandes e Marlândia Ferreira
“A minha expectativa com essa nova diretoria é a de poder dar uma alavancada no movimento indígena da região do Purus amazonense. Regularizar a ata, o CNPJ, atualizar o estatuto da federação na nova legislação, trazer mais parceiros para o nosso lado, como o IEB, a Opan, o Cimi”, comentou Zé Bajaga Apurinã, eleito coordenador executivo da Focimp.
A Focimp é a instância legítima de representação social dos povos indígenas da região do Médio Purus amazonense, a qual hoje, geograficamente compreende seis municípios entre o sul do Amazonas, a fronteira com o estado do Acre e a foz do rio Purus, no encontro com o rio Solimões. Os municípios são os seguintes: Boca do Acre, Pauini, Lábrea, Canutama, Tapauá e Beruri. Atualmente, a Federação representa mais de 190 aldeias, distribuídas em aproximadamente 40 Terras Indígenas, entre as TIs homologadas e aquelas em processo de reivindicação; a população está distribuída em mais de 2.300 km de rio.
A região do médio rio Purus compreende uma área de 2.950.477,00 hectares, contando somente as Terras Indígenas demarcadas. São quase 30 mil km2 de área de abrangência da Focimp. Há aproximadamente 10 mil pessoas residindo em 192 aldeias nesses territórios. São mais de 2.300 km de rios, igarapés e igapós a serem percorridos a motores fluviais, principal meio de acesso às aldeias.
Os povos indígenas que têm territórios reconhecidos hoje na área em que a Focimp trabalha são: os Apurinã, Paumari, Jamamadi, Jarawara, Kanamanti, Banawá, Madiha Deni, Camadeni, Mamori, Katukina, Karipuna, Kaxarari, Mura, Juma, além dos Desana, Baré e Tikuna (esses últimos presentes no Baixo Purus).
Nova composição da Focimp:
José Raimundo Pereira Lima (Zé Bajaga) – Coordenador Executivo
Antonio Cicero Santana da Silva Apurinã – Vice-Coordenador
Ronia Lima da Silva Apurinã – 1ª Secretária
Ana Lúcia Pereira Lima – 2ª Secretária
Marlandia Ferreira Lima – 1ª Tesoureira
Mabel Francisca Fernandes – 2ª Tesoureira
A Focimp foi uma das organizações ressaltadas na série, Nossa Terra, produzida pelo IEB. Veja aqui o episódio:
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