Comunitária da Reserva Extrativista Verde para Sempre receberá prêmio na Alemanha

No próximo dia 20 de dezembro, em Bonn, Alemanha, a comunitária da Reserva Extrativista (RESEX) “Verde para Sempre”, em Porto de Moz (PA), Maria Margarida Ribeiro da Silva,  receberá o prêmio WANGARI MAATHAI “FOREST CHAMPIONS”, dedicado a indivíduos que trabalharam para conservar as florestas e melhorar a vida das pessoas que dependem delas.

Prêmio

A premiação criada em 2012 é oferecida  pelo The Collaborative Partnership on Forests (Parceria Colaborativa sobre Florestas) que reúne voluntariamente em um acordo informal 14 organizações internacionais e secretarias com programas voltados às florestas. Sua missão é promover e fortalecer o compromisso político a longo prazo da gestão sustentável de todos os tipos de florestas.

Margarida Ribeiro, 50, receberá um prêmio que leva o nome da ativista queniana Wangari Maathai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2004 que faleceu 2011. Em 1977 Wangari fundou o Movimento Cinto Verde, um dos programas de mais sucesso de proteção do meio ambiente, graças ao qual se plantaram no Quênia 20 milhões de árvores, sobretudo por mulheres.

MFCF

“Estou agradecida e emocionada. Valeu a pena todo esforço, a dedicação as articulações, as parceiras. É um reconhecimento que não é só meu. É de todo um grupo do MFCF que não tinha um política definida pra eles.  Esse prêmio é de todos”, comenta Margarida.

Para quem atua com a temática do MFCF Margarida é um nome familiar. Há mais de 10 anos, a senhora morena de voz forte e personalidade alegre, luta para que as comunidades extrativistas aproveitem economicamente e de forma sustentável os recursos florestais. Ou seja, um desafio proporcional a região onde vive, tendo em vista que no cenário Amazônico predominam empresas madeireiras com atuação predatória e ilícitas.

No município de Porto de Moz sua atuação é na maior Reserva Extrativista (RESEX) do Brasil, a “Verde para Sempre”, uma unidade de conservação com área florestal maior que o Líbano. Em 2006, após anos de discussões com órgãos públicos locais e reivindicações que não eram atendidas, foi à Brasília. Dialogou com representantes de órgãos federais e conseguiu aprovar um plano de manejo florestal comunitário na Resex. O feito foi inédito: permitiu que moradores de unidades de conservação extraíssem e comercializem madeira.

Atuação
Conquistar o direito de explorar os recursos florestais foi o primeiro passo.  Margarida tem lutado para que o uso da floresta seja feito de forma sustentável e socialmente justo. Sua atuação é marcada pela busca constante do fortalecimento técnico e organizacional das comunidades.

Esse esforço tem como foco viabilizar o manejo florestal com técnicas de baixo impacto (diferente do desmatamento) e permitir que as comunidades gerenciam adequadamente os recursos econômicos provenientes do manejo.  O trabalho em favor do empoderamento comunitário, de forma técnica e organizativa, foi reconhecido em 2016, quando a cooperativa que Margarida ajudou a organizar recebeu a certificação FSC.

Sua atuação ganhou proporções nacionais com o programa Florestabilidade, produzido pela Fundação Roberto Marinho. A iniciativa foi voltada para alunos (as) de escolas públicas da Amazônia. Nos episódios, atualmente disponibilizados na internet, Margarida repassa seu conhecimento sobre o uso coletivo e sustentável da floresta e sua importância para o planeta.

A voz de Margarida também tem sido fonte de aprendizado para jovens lideranças que participaram do “Formar Florestal”, curso promovido pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), que permitiu a comunitária reforçar a relevância da floresta para populações amazônicas que residem em áreas de forte pressão sobre os recursos naturais e disputas territoriais.

Atualmente Margarida integra um grupo de 14 organizações comunitárias que representam 2.500 famílias de 11 territórios, entre unidades de conservação, assentamentos rurais e glebas estaduais do estado do Pará. Soma-se a eles,  instituições de pesquisa e ONGs. Nesse espaço, Margarida segue sua jornada apoiada por outras comunidades que militam para defender seus territórios e torna-los mais sustentáveis.

“Eu sinto que contribui em um processo importante pra disseminar o MFCF para outras comunidades. Antigamente ninguém falava sobre o assunto e hoje ela é discutida nacionalmente e internacionalmente. Só tenho a agradecer aos parceiros por esse reconhecimento”, finaliza Margarida.

FONTE: http://www.iieb.org.br/index.php/notcias/manejo-florestal-comunitario-e-familiar-sera-destaque-em-premiacao-internacional/

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