Está no ar, no site do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), o dashboard sobre as populações Warao no Pará. Mas afinal o que é esta plataforma? Trata-se de um painel de informações capaz de monitorar métricas, indicadores e gráficos, com dados
sobre a população Warao que estão se reterritorializando aqui no Brasil. Desde junho de 2023, o projeto desenvolve um painel interativo dedicado ao monitoramento populacional de todas as comunidades Warao atendidas pelo IEB, na Região Metropolitana de Belém (RMB).
Mariluz Mariano, recentemente escolhida como coordenadora principal do Conselho Ojiduna,e que durante a primeira gestão do CWO, se dedicou a cuidar da pasta das mulheres, explica que quando os indígenas Warao chegaram em Belém eram considerados apenas como refugiados ou migrantes e que não tinham acesso a muitas informações. “Quando chegamos em Belém, estávamos um pouco perdidos, sem conseguir saber a quem pedir ajuda. Pouco a pouco, conhecemos as instituições, e o IEB nos ajudou comorientaões para conseguir melhorias para nosso povo, uma dessas orientações foi a realização do censo nas nossas comunidades para poder saber cuantas pessoas tem, quantas mulheres, quantos homens e atualizar o censo periodicamente. explica a conselheira.
A ferramenta foi produzida pelo IEB, em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e com o Conselho Warao Ojiduna. Na plataforma é possível fazer diversos filtros, e obter o diagnóstico populacional, de cada comunidade, através de categorias como gênero, idade e localidade. Para Norberto Nuñez, recentemente escolhido como comunicador do CWO, a ferramenta é muito relevante para o desenvolvimento das ações da organização, “através desse mapeamento, nós do Conselho, podemos buscar melhorias, como por exemplo, atendimento à saúde e outros tipos de assistências sociais”, finalizou.
O monitoramento populacional é realizado bimestralmente, construído de forma dialógica, ou seja, com interação de múltiplas vozes. Nesse processo, os representantes de cada comunidade, que integram o CWO, participam do levantamento de dados. Atualmente em Belém, Ananindeua, Benevides e Abaetetuba, existem 830 migrantes desta etnia, que se deslocaram forçadamente da Venezuela.
“Essa metodologia é construída a partir do diálogo do IEB com as comunidades. No monitoramento nós escutamos os chefes de família (aidamo), representantes da coordenação geral do CWO e os integrantes das famílias. Esses, são dados cruciais que podem fundamentar tomadas de decisões para implementação de políticas públicas e projetos sociais, assim como incentivar a pesquisa universitária sobre o povo Warao”, aponta o analista socioambiental do IEB, Uriens Cañete, que contribuiu para o desenvolvimento da plataforma.
Ainda segundo o analista, atualmente os indígenas já utilizam a ferramenta. “Acho que o grande ganho dessa ferramenta é possibilitar aos Warao o uso desses dados em reuniões de incidência, sendo mais empoderados para apresentar suas necessidades com dados objetivos.”, finaliza Uriens. Na plataforma é possível acompanhar o histórico de monitoramento populacional de 13 comunidades e 159 famílias.
Acesse o painel na página do projeto: https://iieb.org.br/projeto/povos-das-aguas-warao-tuma-kokotuka-saba/
Comentários