Falta pouco para que os Yanomami possam iniciar o ecoturismo ao Yaripo, como eles chamam o Pico da Neblina, ponto mais alto do Brasil. O projeto, que teve o plano de visitação aprovado pelo ICMBio, aguarda agora a aprovação da Funai para que a atividade esteja regularizada.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aprovou o Plano de Visitação Yaripo – Ecoturismo Yanomami apresentado pelos Yanomami em julho do ano passado. Com data de 9 de maio, a portaria foi publicada nesta sexta-feira (11/5) no Diário. Veja aqui.

A elaboração do documento contou com ampla participação dos Yanomami da região de Maturacá (AM) em um processo desenvolvido durante quatro anos em parceria com o próprio ICMBio, Funai, Exército, Secretaria de Turismo de São Gabriel da Cachoeira e Instituto Socioambiental (ISA).

Demétrio dos Santos no topo do Yaripo (Pico da Neblina)|Lucas Lima-ISA

O Yaripo, como é chamado o Pico da Neblina pelos Yanomami, é duplamente protegido por pertencer à Terra Indígena Yanomami e ao Parque Nacional do Pico da Neblina. Por isso, o Plano de Visitação tem de ser aprovado também pela Funai, etapa final para que os Yanomami possam começar a levar turistas ao ponto mais alto do Brasil.

Júlio Góes entrega plano a gestora do Parque Nacional Pico da Neblina/ICMBio, Luciana Uehara | Marcos Amend

 

Tuxaua Jorge da Silva Figueiredo entrega plano ao Coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye´kwana/Funai, Anderson Vasconcellos |Marcos Amend

A gestão da atividade será de responsabilidade da Associação Yanomami do Rio Cauaburis (Ayrca) em conjunto com a Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK).

Alternativa de geração de renda

A visitação se apresenta como uma alternativa de geração de renda para os Yanomami e deve ajudar a suprir necessidades por bens manufaturados, hoje imprescindíveis à sua sobrevivência física e ao seu bem estar. Estima-se que 80 Yanomami terão renda, beneficiando diretamente 800 pessoas (parentes e afins), e o lucro da atividade turística será revertido para uso comunitário seguindo as determinações da assembleia geral da Ayrca.

Sob o aspecto da proteção territorial, o ecoturismo se apresenta como uma alternativa ao garimpo de ouro atualmente em vigor na região, praticado tanto por invasores quanto pelos próprios nativos. Os Yanomami envolvidos com garimpo são na sua maioria jovens do sexo masculino que buscam na atividade uma renda para manter a família, alegando não terem outra opção. A expectativa de todos eles é que com a chegada do ecoturismo seja possível deixar o garimpo e se engajar em uma atividade mais prazerosa, rentável e que não degrade o meio ambiente.

Quem tiver interesse em conhecer o Yaripo com os Yanomami pode se inscrever em uma lista de espera mantida pela Ayrca, mas deve ter paciência pois a visitação deverá ser aberta ao público somente em 2019, após a aprovação da Funai e a realização de etapas de formação dos Yanomami e melhoria da infraestrutura que ocorrerão ao longo deste ano.

Foto:  Demétrio dos Santos no topo do Yaripo (Pico da Neblina)|Lucas Lima-ISA.

Fonte:  https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/icmbio-aprova-visitacao-ao-pico-da-neblina-e-yanomami-comemoram

 

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