Evento reafirma a identidade cultural e fortalece políticas públicas com o lançamento de campanha e entrega de computadores; programação inclui o lançamento da campanha Tekojoja, promovida pelo ministério, que visa ampliar a visibilidade e o respeito às juventudes indígenas LGBTQIA+
Um dos destaques do encontro é a entrega de 160 computadores para as comunidades locais (Foto: Aty Jovem Guarani Kaiowá Nhandeva)
AAldeia Ñanderu Marangatu, no município de Antônio João (MS), é sede, entre os dias 21 e 26 de julho, do 10º Encontro da Juventude Indígena Guarani-Kaiowá e Ñandeva, com apoio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), por meio do Programa Bem Viver+ da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ (SLGBTQIA+) da pasta. O evento visa promover a articulação política de jovens indígenas, com ênfase no fortalecimento de sua identidade cultural e no diálogo direto com o Estado para a construção de políticas públicas efetivas.
A programação inclui o lançamento da campanha Tekojoja, promovida pela SLGBTQIA+, que tem o intuito ampliar a visibilidade e o respeito às juventudes indígenas LGBTQIA+. Estão previstas também atividades como rodas de conversa, debates, oficinas, Cine Cultural, artesanato e apresentações culturais.
Outro destaque será a entrega de 160 computadores para as comunidades locais, ação articulada pelo Programa Bem Viver+, e realizada com o apoio do Ministério das Comunicações (MCom).
O chefe de gabinete na SLGBTQIA+, Alessandro Mariano, afirma que a ação reforça o compromisso do Governo Federal com a promoção de direitos para pessoas LGBTQIA+, a diversidade e a inclusão. “O Programa Bem Viver+ é uma resposta concreta às demandas das juventudes LGBTQIA+ dos territórios indígenas e periféricos. Ela nasce do compromisso interministerial de garantir dignidade, saúde integral, segurança e participação social para quem historicamente foi invisibilizado”, explicou.
“A campanha Tekojoja nasce da escuta qualificada, da construção coletiva com os territórios e da urgência de promover uma política pública sensível às realidades das juventudes indígenas e LGBTQIA+”, complementou.
Alessandro Mariano destacou ainda que equipar as comunidades indígenas com tecnologia é mais que entregar máquinas: é democratizar o acesso à informação. “Estamos construindo juntos, uma política de direitos humanos que reconhece e valoriza as especificidades dos jovens Guarani Kaiowá e Ñandeva, proporcionando instrumentos de luta para ampliar possibilidades de protagonismo da juventude indígena”, concluiu.
No encerramento do evento, na sexta-feira (25), está prevista a leitura da carta final que trará a avaliação coletiva e as reflexões colhidas durante o encontro.
Participação popular
O representante da Retomada Aty Jovem (RAJ) – organização da juventude indígena Guarani, Kaiowá e Ñandeva –, Germano Kaiowá Kunumi Poty Rendy’i, avalia que o encontro é um espaço de fortalecimento político, cultural e espiritual da juventude dos povos indígenas. “Reunimos jovens de várias comunidades para debater temas essenciais como território, educação, saúde, cultura e meio ambiente, sempre a partir da nossa perspectiva indígena”, ressaltou.
“Além disso, é um momento de retomada da nossa ancestralidade, de troca de saberes entre gerações e de articulação de estratégias de resistência frente às diversas violências e violações de direitos que enfrentamos”, acrescentou.
“Esperamos que esse encontro reforce ainda mais a nossa união e reafirme o protagonismo da juventude na luta pela vida e pelos nossos territórios”, finalizou Germano.
Guarani-Kaiowá e Bem Viver+
O Programa Nacional de Enfrentamento à Violência e de Promoção dos Direitos Humanos das Pessoas LGBTQIA+ nos territórios do Campo, das Águas e das Florestas – conhecido como Programa Bem Viver+ — se alinha com a expressão utilizada por povos originários e estudiosos do tema. “Bem Viver” se refere aos modos de vida baseados em relações de solidariedade entre as pessoas, a natureza e o meio ambiente. E o “+” acrescentado ao programa, representa a inclusão da diversidade sexual e de gênero dentro dos povos indígenas. A iniciativa é construída em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), via Transferência de Execução Descentralizada (TED).
Promovido pelo MDHC e Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o programa foi instituído pela Portaria Interministerial 1, de 3 de dezembro de 2024. Desde o ano passado, vem sendo implementado em territórios indígenas do povo Guarani-Kaiowá, em Mato Grosso do Sul, com foco no mapeamento de violações de direitos, na construção de diagnósticos participativos e na execução de ações integradas de proteção, autocuidado e conscientização entre pares.
*Com informações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)
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