Boa Vista (RR), 04/05/2018 – Nesta sexta-feira (04), o Boeing 767 da Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o transporte de 233 migrantes venezuelanos para as cidades de Manaus (AM) e São Paulo (SP). Esta é a segunda fase de interiorização que faz parte da Operação Acolhida, coordenada pela Casa Civil da Presidência da República e com o apoio do ministério da Defesa, Forças Armadas, ONU e ministérios como: Saúde, Desenvolvimento Social, Trabalho e Emprego, além da Polícia Federal.

Dos 233 passageiros do voo, que decolou às 9h30 da manhã do Aeroporto Internacional de Boa Vista, 164 desembarcaram em Manaus e 69 migrantes tiveram como destino a cidade de São Paulo. O comandante da Ala 7, coronel Erick Breviglieri, ressaltou a importância do trabalho da Força Aérea Brasileira na Operação: “De acordo com diretriz do Ministério da Defesa, a Força Aérea por meio de ações subsidiárias como esta, cumpre o seu papel de integração”.

Nas cidades de destino, os venezuelanos serão alojados em abrigos de entidades voluntárias e religiosas até que consigam se estabilizar e encontrar emprego. Os abrigos em Manaus foram destinados aos migrantes que estão em família e com crianças, já os abrigos de São Paulo receberam os que estão sozinhos na jornada. São os abrigos que indicam quais os grupos de pessoas podem receber de acordo com suas estruturas e disponibilidade de vagas.

Há cerca de 40 dias esses venezuelanos migravam para o Brasil pela cidade de Pacaraima, extremo norte de Roraima e fronteira com a Venezuela, lá eles receberam atendimento médico, imunização (vacinas Tríplice Viral, Tríplice Bacteriana e Febre Amarela) e foram encaminhados para Boa Vista, onde iniciaram o processo de regularização de documentos junto à Polícia Federal (PF).

Força-Tarefa Humanitária do Governo Federal

O general Eduardo Pazuello, do Exército brasileiro, é o coordenador da Força-Tarefa Humanitária do Governo Federal no Estado de Roraima. Ele classifica o trabalho das Forças Armadas nesse processo de acolhida dos migrantes venezuelanos como fundamental e esclarece que a finalidade da missão é: “Trazer a normalidade para o nosso território, para o estado de Roraima, para a cidade de Boa Vista e também para os próprios venezuelanos que estão aqui”. Para ele, a conclusão das instalações modulares de apoio em Pacaraima e Boa Vista vai garantir que o fluxo migratório aconteça com “Controle e destino, para que ninguém precise ir para a rua pedir dinheiro”, completou.

Na unidade da PF, em Boa Vista, mais de 800 migrantes são atendidos por dia e para conseguir atender a demanda, foi necessário o reforço no número de funcionários. São eles que orientam os venezuelanos sobre toda a documentação e os passos necessários para garantirem residência no Brasil. Entre 2016 e 2017 foram solicitados mais de 22 mil pedidos de refúgio na sede da Polícia Federal em Roraima, enquanto nos quatro primeiros meses de 2018, já foram mais de 20 mil pedidos.

Foto: Lucas Lélis/TV Defesa.

Para a superintendente da Polícia Federal, a delegada Rosilene Santiago, a PF é a “Porta de entrada para o migrante” e com os atendimentos, “Os migrantes ficam regularizados e podem ter acesso aos serviços públicos oferecidos no Brasil”, e seguem para as cidades no processo de interiorização com passaporte, CPF e Carteira de Trabalho facilitando a procura por emprego e moradia. A delegada afirma ainda, que Roraima sempre foi uma cidade que recebeu muitos venezuelanos por conta da proximidade, mas que desde 2016 a quantidade de pessoas que solicitaram refúgio aumentou.

Os migrantes em situação de vulnerabilidade são encaminhados para um dos nove abrigos em Boa Vista, onde recebem alimentação, atendimento médico, estruturas de barracas e beliches fornecidas pelas Forças Armadas e pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Agência da ONU para refugiados (ACNUR).

A oficial Marilia Medeiros, da Marinha do Brasil é médica e está realizando atendimentos aos migrantes no abrigo Jardim Floresta, em Boa Vista. Segundo ela, o cuidado com os venezuelanos é de grande importância para a saúde dos migrantes e da população local. “É motivador fazer a diferença na vida dessas pessoas e servir a Pátria em nome da Marinha do Brasil”, disse.

Operação Acolhida – A logística

Os 190 milhões destinados para 12 meses de operação é o valor que cobrirá todos os custos, desde a construção de unidades de apoio, manutenção de abrigos, alimentação e transporte dos que optarem pela interiorização. Um efetivo de 401 militares da Marinha, Exército e Aeronáutica estão empenhados na operação, sendo 273 em Boa Vista e 128 e Pacaraima.

Os abrigos estão com uma média de ocupação de 500 pessoas por abrigo, totalizando mais de 4 mil pessoas. A alimentação está sob responsabilidade da Força Aérea, que produz cerca de 4 mil e 500 refeições por dia. O acumulado dos últimos 40 dias chegou a 120 mil refeições entregues pela Força.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Em recente pesquisa realizada pela Agência das Nações Unidas paras as Migrações (OIM), foi levantado que 52% dos migrantes em Boa Vista e Pacaraima possuem ensino médio, 26% possuem curso superior e 2% pós-graduação. 48% dos migrantes tem o Brasil como destino final e o restante seguirá para outros países da América Latina como a Argentina, por exemplo.

De acordo com o relatório da Matriz de Rastreamento de Deslocamento (DTM) da OIM, mais de dois terços dos que cruzaram a fronteira tem entre 25 e 40 anos de idade, 58% são homens e 41% mulheres e dentre todos os pesquisados mais de 40% migraram sozinhos para Brasil.

Um dos passageiros do voo desta segunda fase da interiorização deixou a esposa e a filha na Venezuela. Anderson Martinez, de 29 anos, era estudante de gastronomia e estava no 3o semestre do curso Fala inglês fluente e já fez mais de 12 cursos técnicos em áreas de cozinha, administrativos entre outros.

Hoje, ele embarcou com destino a capital paulista, “Estou indo com otimismo e com muita vontade de trabalhar”. Na carteira ele guarda a foto da filha de oito anos e se emociona ao lembrar da família: “O sentimento é forte, não é fácil sair do seu lugar, da sua cultura, e para viver em um lugar novo. Assim que eu conseguir estabilidade vou trazer minha família para cá”.

Por Lucas Lélis/TV Defesa

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Fonte: http://www.defesa.gov.br/noticias/42536-opera%C3%A7%C3%A3o-acolhida-233-venezuelanos-s%C3%A3o-transportados-para-manaus-e-s%C3%A3o-paulo

 

 

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