A chefe da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, cobrou na terça-feira (8) que países da região abandonem “uma cultura de privilégios”, responsável por naturalizar desigualdades nas relações sociais. Em pronunciamento em Havana para a reunião bienal mais importante da agência da ONU, a dirigente lembrou que disparidades agravam discriminação contra negros, indígenas e mulheres.

“A desigualdade não somente é injusta, mas é ineficiente e insustentável porque gera e sustenta instituições que não promovem a produtividade nem a inovação, ao premiar ou castigar o pertencimento de classe, etnia ou gênero”, criticou Bárcena em cerimônia que marcou o início 37º Período de Sessões da CEPAL.

“E porque gera uma cultura de privilégio que reforça essas desigualdades, as incorpora às relações sociais como algo aceitável e natural e as reproduz no tempo”, acrescentou a especialista.

A consequência, alertou a dirigente do organismo regional, é o acesso injusto ao capital produtivo simbólico e material.

O encontro em Cuba reúne representantes dos 46 Estados-membros da comissão e 13 membros associados para debater os desafios de implementação da Agenda 2030 da ONU e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mais de 25 ministros, vice-ministros e outras autoridades de cerca de 20 países latino-americanos e caribenhos estão em Havana para a reunião. O evento definirá o programa de trabalho da agência da ONU para os próximos dois anos.

“A CEPAL reforça hoje a sua convicção e o seu compromisso de propor agendas que façam uma leitura precisa, baseada em evidência e dados. Que repare com atenção o complexo presente que enfrentamos”, completou Bárcena.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também participou da abertura e elogiou a CEPAL por ter sido “uma defensora progressista e fidedigna” da justiça social na economia global e “pioneira” na integração do desenvolvimento econômico, social e ambiental. Saiba mais sobre a visita do chefe máximo das Nações Unidas a Cuba e sobre seu discurso no encontro da CEPAL no link abaixo.

Também presente na cerimônia de abertura, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, pediu para “avançar na integração regional e no desenvolvimento com igualdade, que nos convidam a reverter a pirâmide em que, nos principais países da região, o 1% mais rico da população se apropria de uma enorme parte das riquezas”.

O chefe do Estado cubano disse ainda que “a proclamação da América Latina e do Caribe como uma zona de paz traça uma rota indispensável”. “Sabemos que não haverá desenvolvimento sem paz, nem paz sem desenvolvimento”, afirmou.

Francisco Guzmán, chefe de gabinete da presidência do México, defendeu que a CEPAL é “o principal mecanismo da ONU para promover o desenvolvimento da América Latina e do Caribe”. Segundo o oficial do governo mexicano, as ações do organismo se baseiam em “três valores que, embora sejam sempre importantes, adquirem maior relevância em tempos de tensão e incerteza global, me refiro à unidade, à solidariedade e à fraternidade”.

Secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura do 37º Período de Sessões da CEPAL. Foto: CEPAL/Ministério das Relações Exteriores de Cuba/ProCuba

Secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura do 37º Período de Sessões da CEPAL. Foto: CEPAL/Ministério das Relações Exteriores de Cuba/ProCuba

“O México é uma nação orgulhosamente latino-americana e caribenha. Por isso, foi uma honra conduzir a presidência da CEPAL. Trabalhamos com a convicção de que, unidos, teremos mais oportunidade de avançar rumo ao desenvolvimento sustentável”, concluiu.

O país entregou a presidência “pro tempore” da CEPAL à Cuba, que ocupará o cargo pelos próximos dois anos.

O 37º Período de Sessões se encerrará na sexta-feira (11), após um diálogo de chanceleres e altas autoridades da América Latina e do Caribe, em que serão divulgadas as resoluções do encontro. O programa completo da reunião bienal está disponível no site: https://periododesesiones.cepal.org/37/es

Fonte: https://nacoesunidas.org/cepal-diz-que-desigualdades-sociais-reforcam-discriminacao-por-classe-genero-e-raca/

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