- Lideranças indígenas de várias regiões do Brasil participaram de uma oficina sobre a proteção de seus direitos na crise da COVID-19.
- O encontro foi liderado por bolsistas indígenas da ONU Direitos Humanos.
- O workshop possibilitou a troca de conhecimentos e apresentou informações práticas sobre o acesso a programas, como o Fundo Voluntário das Nações Unidas para os Povos Indígenas.
Lideranças indígenas de várias regiões do Brasil participaram de uma oficina sobre a proteção de seus direitos na crise da COVID-19. O encontro foi liderado por bolsistas indígenas da ONU Direitos Humanos.
“Discutir direitos humanos com os povos indígenas é uma forma de visualizar um futuro melhor para nós”, disse Ro’ostitsina Xavante, bolsista indígena sênior da ONU Direitos Humanos no Brasil. “É também sobre a importância de conhecer nossa própria história. Afinal, quem somos nós, indígenas ou não, se não sabemos e entendemos o que aconteceu com nossos antecessores?”, questionou.
Assim Ro’ostitsina definiu a importância da sua participação em workshop sobre direitos humanos realizado para lideranças indígenas que vivem no Brasil. O encontro, presidido por ela e Alceu Karipuna, outro bolsista indígena sênior, foi uma oportunidade para promover e disseminar o conhecimento sobre o sistema internacional de direitos humanos para comunidades indígenas no país.
“Aprender mais sobre o sistema de proteção dos direitos humanos é uma oportunidade valiosa para todos nós”, disse Alceu Karipuna. “Em nosso país, inúmeras comunidades indígenas não têm acesso ao transporte para que possam participar desses programas de treinamento. Embora fosse um diálogo virtual, nos permitiu construir uma rede para o estudo e fortalecimento dos direitos humanos com líderes de todo o Brasil.”
O workshop apresentou informações sobre mecanismos internacionais ligados aos direitos dos povos indígenas e apresentou informações práticas sobre o acesso a programas, como o Fundo Voluntário das Nações Unidas para os Povos Indígenas.
“A pandemia revelou a discriminação e a violência que frequentemente essas populações sofrem e também lacunas profundas em seu gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais quando comparadas com o resto da população”, disse Jan Jarab, chefe do Escritório Regional da ONU Direitos Humanos na América do Sul.
Ele destacou a importância prática do programa: uma chance de difundir e trocar conhecimento. “Isso nos permitiu enriquecer nossas atividades com a visão de mundo e o conhecimento único de nossos companheiros, permitindo que nos envolvêssemos com indivíduos e organizações indígenas de uma maneira mais culturalmente sensível”, afirmou. “Também acolhemos e apoiamos seu entusiasmo em promover atividades relacionadas aos direitos humanos para outras comunidades e indivíduos indígenas.”
Desafios e solidariedade – Ro’ostitsina Xavante é membro do povo Xavante, que soma cerca de 20 mil pessoas no Mato Grosso, no centro-oeste do Brasil, onde 900 pessoas contraíram a COVID-19 e 46 morreram. Ela disse que os maiores desafios são a desinformação sobre a doença, o acesso à assistência médica – por conta das longas distâncias até os hospitais -, e a redução do emprego.
Membro do grupo indígena Karipuna no Amapá, Alceu relatou a solidariedade trazida pela pandemia: “Tenho notado formas coletivas de lidar com a pandemia, bem como iniciativas de cuidado coletivo baseadas no uso de ervas medicinais, chás e infusões. Houve também ações tradicionais de compartilhamento de conhecimento, mesmo entre comunidades vizinhas, e intercâmbios para a produção de medicamentos tradicionais.”
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