Chamados de energia limpa, os empreendimentos hidrelétricos são planejados sem consulta às comunidades por eles afetadas
No dia dedicado aos povos indígenas da América Latina e Caribe no Pavilhão Indígena da COP28, Marta Tipuici, do povo Manoki, participou de uma mesa sobre transição energética justa. Foi um evento em parceria entre a OPAN, a RCA, CIR e as organizações Indigenous Peoples Rights International, Business and Human Rights Resource Center e Right Energy Partnership.
Depois da exibição do filme “Monocultura da Energia” e de um emocionante depoimento de Luene Karipuna, da Associação das Mulheres Indígenas Mutirão, no Amapá, sobre os impactos já sentidos pelos povos indígenas decorrentes dos movimentos especulativos da indústria do petróleo na foz do rio Amazonas, Tipuici falou da situação do planejamento hidrelétrico na bacia do rio Juruena. O caso foi levado ao nível global, na medida em que esta fonte energética é vista como limpa e renovável no contexto das mudanças climáticas. “Será que de fato estão fazendo uma transição justa na nossa região? Não estamos fazendo parte deste debate”, discursou.
Ela denunciou o problemático cumprimento do direito à consulta livre, prévia e informada no estado de Mato Grosso e na bacia do rio Juruena, e que os instrumentos de gestão do território devem ser utilizados como meios de aumentar a capacidade de as comunidades resistirem às mudanças climáticas. “Nós, povos indígenas, não vamos salvar o mundo sozinhos por algo que nós não provocamos. O Brasil precisa ser responsabilizado por não respeitar nossos protocolos de consulta e nossos planos de gestão territoriais”, disse.
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