Raquel Carneiro

Lançamento da Cartilha de Combate à Violência de Gênero, durante o primeiro dia da III Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília. Foto: Raquel Carneiro/ Rádio Yandê.

A segunda-feira, 11 de setembro, na capital do Brasil, amanheceu cantando com a força das vozes das mulheres do povo Kayapó. Com seus corpos pintados de jenipapo, repletas de colares e saias de miçangas amarelas, elas adentraram ao Complexo Cultural Funarte, realizando a abertura da III Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília. À elas, se somaram as vozes e o som do maracá, chocalho ancestral, das mulheres indígenas do Ceará. Também vieram as mulheres de etnias do Alto Rio Negro, no Amazonas. É a primeira vez que a região com maior concentração de povos indígenas no Brasil, reúne uma grande delegação para participar da maior mobilização de mulheres originárias do país. Depois, tantas outras delegações de povos de Norte a Sul também se apresentaram.

Mulheres Terra, sementes, águas e raízes

Aos poucos, o canto e a dança foram abrindo espaço para voz em debates. Distribuídas em grupos temáticos, cada roda de mulheres conversou sobre emergências climáticas, biodiversidades, povos indígenas e a necessidade de reflorestar mentes. À tarde, a plenária de discussões propôs reflorestar a política, no sentido de pensar o que são direitos dos povos indígenas, direitos humanos e o que é dever do Estado. Como combater a intolerância religiosa, o racismo vivido pelo cidadão indígena, os direitos das crianças e adolescentes e as violências vividas dentro e contra os territórios.

O combate à violência contra a mulher indígena

O fim de tarde chega e com o anúncio de uma conquista importante: a cartilha de combate à violência contra a mulher indígena. Após um ano de escuta de relatos nas comunidades país afora, a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) lança o material que informa sobre os tipos de violência, como enfrentar e procurar ajuda. Um das integrantes da Associação, a doutora em Antropologia e atual chefe de Gabinete do Ministério dos Povos Indígenas, Joziléia Kaingang conta que a cartilha chega em para dizer “basta de violência, chega! Está na hora do Estado pensar em políticas públicas junto com nós, para que a gente possa enfrentar as violências, para que a gente possa pensar quais são os caminhos, ouvindo as mulheres indígenas. Não mais pensar por nós, mas pensar com nós”, finalizou.

A cartilha de combate à violência contra a mulher indígena foi distribuída para cada delegação presente e, em breve poderá ser baixada de modo online e gratuito no site da ANMIGA.

A III Marcha das Mulheres Indígenas acontece até dia 13 de setembro, no Complexo Cultural Funarte, em Brasília. Na programação desta terça-feira, 12, haverá uma plenária internacional, com delegação de representantes indígenas de diferentes países, como México, Tailândia, Equador e Estados Unidos, além de debates sobre mulheres Indígenas, negras, quilombolas ocupando espaços de poder.

Fonte: https://radioyande.com/iii-marcha-das-mulheres-indigenas-lanca-cartilha-de-combate-a-violencia-de-genero/

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