Preconceito

O racismo contra nós povos indígenas se constitui de ações conscientes e inconscientes na sociedade. É nítido como as populações indígenas vêm sendo massacradas pelo sistema capita, pelo colonialismo, pela falta de espaço até mesmo para sua própria sobrevivência. Os indígenas vivem em suas terras como se fossem clandestinos, vivem oprimidos pelo sistema capitalista que a cada dia vem encurralando esses povos em espaços cada vez menores.

São mais de 520 anos de massacre de tentativa de retirar nossas identidades, de roubo de nossos territórios, de invisibilidade e tentativa de calar nossas vozes, mas esses povos têm demostrado que sabem ser resilientes e o emponderamento da população indígena é uma realidade. Claro que sofremos com o silêncio institucional em relação as nossas demandas e mobilizações, mas entendemos que se não nos apropriarmos das ferramentas de comunicação para nos mobilizarmos e pautar nossas demandas ninguém fará por nós.

Quanto mais contato eu tenho com os não indígenas mais começo a sentir e entender o que é o preconceito e de que forma as pessoas usam contra mim, mulher indígena. Sim, o preconceito está arreigado nas pessoas, e por mais que elas falem e tenham o discurso diferente disso, o contato me faz perceber que o racismo contra os povos indígenas muitas vezes aparece de forma velada, e isso faz com que nossa ação as vezes seja pouco combativa contra a descriminação e o preconceito que vivemos.

A muito tempo me enganei feio quando cheguei a pensar que o preconceito não fazia parte de minha realidade, afinal, carregar a descendência indígena no Brasil é estar sujeitos a esse tipo de situação, mesmo que as vezes não esteja totalmente em evidência. Devemos nos preparar para combater. Somos indígenas, os habitantes dessa terra a mais de 10 milênios, e não vão restringir nossa presença, estamos ocupando esses espaços e nossos corpos vão está onde quisermos estar, seja na aldeia ou na cidade, indígena é indígena em qualquer lugar.

O derradeiro golpe que tentam nos dar é transformar a imensa massa de brasileiros indígenas e negros em “pardos”. Uma ação de “branqueamento” da população, na qual deixamos de ser o que somos, sem nunca alcançar o “status” de “brancos”, o limbo do esquecimento e da exclusão.

Agradecimento especial à Nelson D que gentilmente cedeu sua obra lítero musical Xenofunk e o fonograma da mesma para sincronização na obra Preconceito

Por: Olinda Muniz Silva Wanderley

Fonte: https://yawar.com.br/portfolio/preconceito/

Clique aqui para editar.

Voltar

Thank you for your upload