Imagem por Anápuàka Tupinambá – IA
Um pouco de historia, para combater a ignorância e matar a estupidez histórica : Lei 11645/07
A Confederação dos Tamoios foi um marco na nossa história indígena de Pindorama ao Brasil contemporâneo. Em meados do século XVI, povos indígenas, especialmente os Tupinambá, se uniram em uma aliança poderosa para resistir à invasão portuguesa e preservar nosso modo de vida, nossas tradições e nosso território. Apesar de não existir um “código de ética” formal e escrito, nossa cultura é regida por valores transmitidos de geração em geração, que fundamentaram essa aliança histórica.
Primeiro, a proteção da comunidade e do território era o coração desse movimento. Para nós, terra não é só espaço físico, é uma extensão do nosso corpo e do nosso espírito. Defender as aldeias e o território era defender a própria vida, proteger o que nos dá alimento, abrigo, memória e identidade. A Confederação dos Tamoios se formou como um escudo contra as forças que ameaçavam nos expulsar das nossas raízes.
Outro valor essencial que guiou essa união foi a solidariedade entre os povos indígenas. Naquela época, diversas aldeias e etnias, que até então poderiam ter rivalidades ou diferenças, abriram mão dessas divisões em prol de um bem maior. Uniram-se para lutar contra o inimigo comum: o colonizador português. Esse princípio de união e apoio mútuo foi uma lição de resistência e coragem. Nossa história nos mostra que, quando nos conectamos e nos apoiamos, ganhamos força e propósito.
O respeito à natureza e aos nossos ancestrais é outro valor central. Nossa relação com a terra é de reciprocidade, não de posse. Cuidamos da floresta, dos rios, dos animais, assim como nossos antepassados cuidaram. Essa reverência é parte de quem somos e também foi parte da Confederação dos Tamoios. Sabíamos que lutar pela terra era também honrar nossos antepassados, manter viva a memória dos que vieram antes e garantir que a floresta continue a ser nossa morada.
A Confederação dos Tamoios também foi movida pela reciprocidade e o apoio mútuo. Muitos lembram da aliança com os franceses da França Antártica, que também se opunham ao domínio português. Essa troca foi uma forma de fortalecer a luta, usando a colaboração como uma ferramenta de resistência. Sabíamos que unidos, éramos mais fortes.
Preservar nossa cultura, nossa autonomia, era também um valor essencial. A Confederação foi uma declaração de que não aceitaríamos a submissão, não abriríamos mão da nossa liberdade. A resistência contra a colonização era, ao mesmo tempo, a resistência contra as imposições culturais e religiosas, uma defesa do direito de sermos quem somos.
Encerro explicando, a palavra dos nossos anciãos, dos líderes espirituais e guerreiros mais experientes, guiava nossas decisões e ações. Valorizamos a sabedoria dos que viveram antes de nós, pois eles carregam a experiência, o conhecimento e a conexão com os ciclos da vida. A Confederação dos Tamoios se manteve forte porque respeitava essa liderança ancestral.
A Confederação dos Tamoios foi, então, uma expressão dos nossos valores profundos. Foi uma resistência movida pela união, pelo respeito e pela força coletiva. Olhar para essa história é lembrar que somos herdeiros de uma luta justa e legítima pela vida e pela nossa terra, guiados sempre por uma ética que nos conecta com nossos antepassados e com tudo que nos rodeia.
Seja um bom ancestral hoje. Anápuàka M. Tupinambá Hãhãhãe | @anapuakatupinamba
Fonte: https://radioyande.com/os-tupinamba-codigo-de-etica-da-confederacao-dos-tamoios-lei-11-645-08/
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