Atividades vão até o final de agosto em várias instalações da capital paulista

São Paulo – A partir desta quinta-feira (28), bibliotecas públicas da cidade de São Paulo abrem, até o final de agosto, programação que promove a cultura indígena e inclui saraus com cantos ancestrais. A organização é do coletivo Museu do Inusitado (no Instagram:@museudoinusitado), surgido em 2015 entre as regiões de Capão Redondo e Jardim São Luís, no extremo sul da capital paulista. (Confira abaixo a programação.)

“Todos os seres humanos têm direito à livre expressão através da música, poesia e arte. A partir dessa premissa, o coletivo promove esses encontros multiculturais que buscam, no fazer artístico, nas tradições, na oralidade e no compartilhamento de experiências, nossos grandes potenciais de aprendizado”, afirma o músico-educador, artista e produtor Luís Vitor Maia, fundador do Museu do Inusitado. Ele fala em “troca de saberes”. Em 2021, frequentadores do coletivo gravaram – com apoio do Programa de Ação Cultural (ProAC, ligado ao governo paulista) – uma coletânea audiovisual com cantos indígenas e danças brasileiras de origem africana.

Documentário e bate-papo

Além do sarau, será exibido documentário, produzido pela equipe do Museu, sobre os indígenas das aldeias Takua Ju Mirim e Yrexakã, localizadas nos distritos de Parelheiros e Marsilac, também em São Paulo. O evento é seguido por um bate-papo com o professor de Literatura Brasileira Júlio César Pereira de Freitas Guató (Karaí Jekupe, seu nome em guarani). No dia 28 deste mês e em 9 de agosto, haverá ainda a presença de lideranças indígenas.

Os organizadores lembram que a Yrexakã fica perto do rio Capivari, na Terra Indígena Tenondé Porã, uma aldeia procurada para ecoturismo e o chamado turismo de aventura, como a realização de trilhas. Naquela área fica ainda um manicômio abandonado, hoje utilizado para receber visitantes e parentes dos moradores. Já a Takua Ju Mirim é um núcleo indígena composto por mulheres.

Contra os estereótipos

A iniciativa nas bibliotecas públicas busca ajudar a promover ações afirmativas em áreas carentes de políticas públicas. “Já existe uma construção na região, porém, ela precisa ser revitalizada”, diz Maia, do Museu do Inusitado. “Por isso, nós, do coletivo, queremos iniciar esse processo, juntamente com os indígenas, por meio de reformas, pinturas, e, também, outras atividades, como a produção de hortas coletivas, com alimentos tradicionais dos guaranis.”

Assim, o professor Guató destaca a importância da parceria na resistência da cultura indígena . “Nós sofremos um apagamento generalizado, uma invisibilização incrível em todos os sentidos. Até mesmo o povo branco vê a nossa cultura com uma determinada estereotipização. Por isso, preservá-la significa, acima de tudo, respeito por mantermos os nossos hábitos tradicionais, mesmo em um contexto urbano. (…) Nós lutamos contra todo e qualquer resquício de racismo que sofremos e, por isso, estamos tentando, por meio das comunidades de Yrexakã e Takua Ju Mirim, preservar o bem-viver. (…) É nesse ambiente sagrado que existimos e praticamos o nosso estar em consonância com o universo e a mãe terra. O mundo só acontece para a gente a partir do outro e o outro tem que ser respeitado, assim como nós devemos ser respeitados.”

Os primeiros eventos de fortalecimento da cultura indígena foram realizados nos dias 13 (em Guaianases, zona leste), 14 (Tucuruvi, zona norte) e 16 (Parque Luís Mucciolo, zona leste). Confira os próximos:

  • 28/07, às 17h: Biblioteca Paulo Duarte* (rua Arsênio Tavolieri, 45, Jardim Oriental) 
  • 06/08, às 17h:sarau on-line pela Casa de Cultura Parelheiros Acesse aqui
  • 09/08, às 14h30: Biblioteca Rubens Borba Alves de Moraes* (rua Sampei Sato, 440, Jardim Matarazzo)
  • 12/08, às 13h: Biblioteca Anne Frank (rua Cojuba, 45, Itaim Bibi)
  • 20/08, às 14h: Biblioteca Raimundo de Menezes (avenida Nordestina, 780, Vila Americana)
  • 23/08, às 10h: Biblioteca Vinícius de Moraes (rua Jardim Tamoio, 1.119, Conjunto Residencial José Bonifácio, São Paulo 
  • 26/08, às 14h: Biblioteca Affonso Taunay (rua Taquari, 549, Mooca) 
  • 30/08, às 10h: Biblioteca Brito Broca (avenida Mutinga, 1.425, Vila Pirituba) 

* Com participação da líder indígena Luciana Yvã e do Pajé Nino

Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/cultura/2022/07/bibliotecas-publicas-sarau-documentario-cultura-indigena-invisibilidade/

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