Garimpeiros fortemente armados realizaram uma série de ataques violentos contra a comunidade Yanomami de Palimiú (RR), no norte da Amazônia.

A Hutukara Associação Yanomami relata que, no dia 16 de maio, quinze barcos cheios de garimpeiros abriram fogo contra a comunidade e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra eles. Os Yanomami relatam que ficaram com os olhos ardendo e com falta de ar por causa do gás.

O ataque ocorreu dias após outro ataque à mesma comunidade: em 10 de maio um Yanomami e garimpeiros ficaram feridos após um tiroteio. Um vídeo registrado por um indígena Yanomami mostra os garimpeiros abrindo fogo contra um grupo de Yanomami na margem do rio, muitos deles mulheres e crianças. Vários garimpeiros em barcos continuaram atirando contra os Yanomami pelos 30 minutos seguintes.

No caos do ataque, muitas crianças Yanomami fugiram para a floresta para se esconder. Dois dias depois, os corpos de duas crianças, de um e cinco anos, foram encontrados boiando no rio onde haviam se afogado.

Oito representantes Yanomami de Palimiú viajaram a Boa Vista, capital de Roraima, para denunciar o ataque e exigir que as autoridades o investiguem. Em uma coletiva de imprensa realizada em 15 de maio, eles expressaram sua raiva por terem sido abandonados pelo Estado.

Timóteo Palimithëri, indígena Yanomami da comunidade Palimiú, afirmou: “Estamos com sono, não estamos quase aguentando, por favor, urgente, vocês vão ver agora, tá? E Polícia Militar também, FUNAI também tem que ter força e atender o nosso sofrimento. Se não tiver exército, polícia, vai morrer bastante indígenas, vai morrer mesmo, com certeza, e nós não queremos.”

Os sobreviventes do massacre de Haximu, ocorrido em 1993, seguram urnas contendo as cinzas de seus parentes.

Os sobreviventes do massacre de Haximu, ocorrido em 1993, seguram urnas contendo as cinzas de seus parentes.
© C Zacquini/ Survival

Em carta à polícia, líderes da comunidade denunciaram os terríveis impactos das atividades de mineração: “Os garimpeiros permanecem desde 2012 e até hoje já morreram 578 parentes Yanomami contaminados, e nenhuma medida foi tomada até hoje. Estão destruindo nossos rios, poluindo águas, peixes e todos os animais. Estamos enfrentando sérios problemas de saúde. Já não podemos mais tomar banho no rio e ficamos com queda de cabelos tanto de crianças e adultos por conta da forte química jogada no rio.”

Desde fevereiro, a comunidade de Palimiú tem repetidamente pedido às autoridades que removam os garimpeiros. Os ataques desta semana foram possivelmente uma resposta à recusa dos Yanomami em deixar os garimpeiros coletarem combustível, quadriciclos e outros equipamentos que eles haviam deixado no local para abastecer seu garimpo ilegal rio acima.

Em mensagens de áudio interceptadas, os garimpeiros referem-se a uma quadrilha armada atuando na região.

A menos que as autoridades tomem medidas eficazes agora, facções criminosas e traficantes de drogas provavelmente realizarão ataques ainda mais violentos. No ano passado, garimpeiros assassinaram dois indígenas Yanomami.

Estima-se que 20.000 garimpeiros trabalhem ilegalmente no território Yanomami.

Um de muitos garimpos espalhados pela Terra Indígena Yanomami.

Um de muitos garimpos espalhados pela Terra Indígena Yanomami.
© FUNAI

Também está crescendo a preocupação com a segurança dos indígenas isolados Yanomami: uma comunidade isolada está na mesma região de um garimpo ilegal, e os garimpeiros teriam atacado essa comunidade em 2018.

Uma enorme crise humanitária está cada vez mais cercando os Yanomami, que já se recuperam dos altos índices de malária (em 2020 a SESAI registrou 20.000 casos de malária) e do Covid-19, uma combinação letal que está devastando sua saúde e capacidade de se alimentar.

© Divulgaçao/FolhaSP

Isso é ilustrado em uma foto, tirada em 17 de abril, de uma criança Yanomami gravemente desnutrida sofrendo de malária, pneumonia e desidratação.

As políticas genocidas do governo Bolsonaro e a sua negligência criminosa estão matando os Yanomami e outros povos indígenas no Brasil. Por favor, apoie os Yanomami em seu protesto. E assine a petição contra o genocídio indígena no Brasil.

 

 

 

Fonte: https://www.survivalbrasil.org/ultimas-noticias/12590

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