A manifestação contra a Norte Energia, responsável pelo desvio da água da Volta Grande do Xingu para Belo Monte, que teve início na madrugada da última segunda, 9, trancando a Transamazônica no KM 27, recebeu o reforço de um grupo de indígenas juruna na tarde desta quarta.

Inicialmente puxado por pescadores, ribeirinhos e agricultores organizados nos Núcleos Guardiões do Xingu, além de indígenas Curuaya e Xipaya, o ato exige a garantia de que a Volta Grande do Xingu (um trecho de 100 km que tem a maior parte do fluxo normal desviado para as turbinas da hidrelétrica) tenha liberada uma vazão que garanta a piracema em 2021. De acordo com os manifestantes, já fazem dois anos que a reprodução normal dos peixes não ocorre por falta de água e alimentos, uma vez que a flora na beira do rio também é fortemente afetada pela seca causada por Belo Monte.

Manifestação pela água na Volta Grande do Xingu dura 3 dias na Transamazônica (foto Ana Laide Barbosa)

Até o momento, nem a Norte Energia nem outra instancia federal deu qualquer retorno aos manifestantes sobre as reivindicações: uma vazão na Volta Grande do Xingu que garanta  a piracema dos peixes, atualmente ameaçados de extinção, a partir de novembro de 2020, e que chegue a pelo menos 16.000 m3/s nos meses de março e abril de 2021; a determinação definitiva de um hidrograma que garanta a sobrevivência do rio, da fauna, da flora e das comunidades beradeiras de acordo com dados científicos já existentes e, se necessário, estudos complementares e independentes; a constituição de um Comitê de Bacia com participação paritária das populações indígenas e beradeiras e da comunidade científica independente para decidir as políticas para a região do Médio Xingu no que tange os cursos d’água superficiais e de subsolo; o cumprimento de todas as condicionantes do licenciamento de Belo Monte, em especial a que determina o atendimento de pescadores e ribeirinhos atingidos pela hidrelétrica; e a suspenção da Licença de Operação da usina pelo Ibama até que todas as reivindicações sejam atendidas

No decorrer desta quarta, chegou aos manifestantes a informação que estava em curso uma ordem de reintegração da Transamazônica, mas até o início da noite não houve nenhuma notificação.

Segundo os manifestantes, a decisão tomada em comum acordo entre os Núcleos Guardiões e os indígenas é de manter os protestos. “É uma articulação inédita depois da construção da usina. É muito significativo, todos os povos da Volta Grande do Xingu juntos na luta pela vida do rio e da nossa gente. Estamos juntos nisso porque sabemos que sem a piracema, sem um fluxo normal de água, todos nós vamos morrendo de fome e perdendo tudo que temos”, explicou a pescadora Sara Rodrigues, liderança do Núcleo Guardião da vila de Belo Monte do Pontal

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