Foram plantadas 250 árvores nativas e 200 quilos de sementes foram distribuídos. Saúde mental esteve no centro das discussões com a população Guarani-Kaiowá LGBTQIA+

Cerca de 100 jovens estudantes da extensão do Colégio Estadual Coronel Sapucaia debateram sobre os desafios de ser indígena em seus respectivos territórios (Foto: Wesley Lima)

OMinistério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), realizou, por meio do programa Bem Viver+, no último fim de semana, um conjunto de ações em quatro aldeias indígenas, no sul do Mato Grosso do Sul, com o objetivo de compreender os desafios enfrentados pela juventude Guarani-Kaiowá LGBTQIA+, em especial no âmbito da saúde mental.

Na ocasião, foram promovidos espaços de diálogo, o plantio de 250 árvores nativas e frutíferas, e distribuição de 200 quilos de sementes de milho crioulo pixurum, com foco na recuperação ambiental e no incentivo de práticas sustentáveis nas aldeias indígenas.As atividades contaram com a presença do corpo pedagógico do colégio e de representantes da Secretaria Municipal de Educação (Foto: Gualoy Guarani)

Por meio de uma metodologia focada na construção do diálogo, cerca de 100 jovens estudantes indígenas da extensão do Colégio Estadual Coronel Sapucaia, localizado na Aldeia Taquaperi, no município de Coronel Sapucaia, falaram sobre os principais desafios de ser indígena em seus respectivos territórios, as principais causas de adoecimentos e apontaram estratégias coletivas de superação dessas violências.

As rodas de conversa são ferramentas de escuta da juventude indígena Guarani-Kaiowá, que frequentemente é vítima de violências e violações de direitos humanos. Entre as principais consequências estão os altos índices de depressão identificados entre jovens indígenas LGBTQIA+.

“É na coletividade, através de espaços de diálogo, que podemos promover o autocuidado e a autoproteção”, explica a coordenadora do programa Bem Viver+ junto à Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Anakeila Barros.

As atividades contaram com a presença do corpo pedagógico do colégio e de representantes da Secretaria Municipal de Educação.

Saber e conhecimento ancestral

Durante o fim de semana, representantes da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do MDHC também visitaram as aldeias Amambai e Limão Verde, no município de Amambai, e Nhaderu Maragatu, na cidade de Antônio João. No local, eles foram recebidos ao som de cantos e rezas Guarani-Kaiowá e promoveram o plantio de árvores e a distribuição de sementes tradicionais para os povos indígenas.Comitiva visitou tradicional Casa de Reza Guarani-Kaiowá(Foto: Wesley Lima)

O chefe de gabinete da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Alessandro Mariano, frisou que as ações reafirmam a natureza do programa Bem Viver+ de promover a recuperação ambiental e a produção de alimentos, por meio da valorização do saber e do conhecimento ancestral. A atividade também é mais um passo para superação das violências e construção de territórios livres que assegurem o direito à vida e às existências diversas, sem discriminação e estigmas.

“Com o povo Guarani-Kaiowá temos aprendido que as relações coletivas sustentam a cultura, o conhecimento ancestral, as rezas e a defesa dos territórios”, afirmou. “Nosso objetivo é conectar esse histórico coletivo de resistência, com as ações de autoproteção, autocuidado e organização das pessoas LGBTQIA+”, completou.

A agenda incluiu, ainda, reunião com a direção do Colégio Estadual Mbo’Eroy, no município de Amambai.

“A ação reforçou o diálogo com as comunidades indígenas visitadas, por meio de suas lideranças e educadores, e promoveu atividades que fortaleceram a conexão entre os objetivos do programa Bem Viver+ e a prática do autocuidado de maneira integral junto a estudantes e indígenas LGBTQIA+”, avalia o coordenador de Políticas para Indígenas LGBTQIA+ no Ministério dos Povos Indígenas, Niotxarú Pataxó.Foi realizada a entrega de mudas de árvores e sementes na aldeia Limão Verde (Foto: Wesley Lima)

Programa Bem Viver+

O Bem Viver+ é um programa interministerial instituído em parceria entre os ministérios dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), dos Povos Indígenas (MPI) e da Igualdade Racial (MIR) voltado ao enfrentamento das violências e promoção dos direitos humanos das pessoas LGBTQIA+ do campo, das águas e das florestas.

O programa tem como base a diversidade cultural e étnica, o respeito aos direitos humanos e a construção de territórios livres de preconceitos e violências, construindo ações de valorização das relações de solidariedade e harmonia entre os seres humanos e o meio ambiente.

Entre os objetivos estão a formação de defensores e defensoras de direitos humanos LGBTQIA+, a construção e o fortalecimento de redes de proteção, o incentivo a práticas de autocuidado e o apoio a iniciativas de autoproteção contra violências motivadas por preconceito à identidade e expressão de gênero, às características e à orientação sexual.

Comitiva

A comitiva interministerial do programa Bem Viver+ foi coordenada pela equipe do MDHC e contou com representantes dos ministérios dos Povos Indígenas (MPI), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-Campo Grande) do Ministério de Saúde (MS), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Secretaria de Estado da Cidadania (SEC) do Governo de Estado do Mato Grosso do Sul e da Juventude Indígena Diversidade Guarani-Kaiowá (Juind).

Leia também:

Estados e municípios realizam etapas preparatórias para 4ª Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+

Texto: D.V.

Edição: L.M.

Fonte: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2025/abril/bem-viver-promove-debates-e-acoes-de-recuperacao-ambiental-e-alimentacao-sustentavel-em-aldeias-indigenas-do-ms