A formação fortalece o protagonismo indígena nas mudanças climáticas e sua participação nas políticas públicas ambientais.

Texto: Maria Silveira

Jovens indígenas discutem mudanças climáticas. Foto: Maria Silveira | Iepé

”Nós jovens temos que agir para proteger nosso território e nosso planeta. Nossas terras estão mudando” – Noemi Apalai Waiana.

Nos dias 8, 9 e 10 de julho, aconteceu em Macapá uma formação voltada para jovens indígenas da região do Oiapoque e do Complexo do Tumucumaque. A atividade faz parte do Projeto Amapá: Política de Mudanças Climáticas e Povos Indígenas, realizado pelo Iepé.

O foco da formação é promover o protagonismo dos povos indígenas nas discussões sobre mudanças climáticas e contribuir para sua participação qualificada na construção e implementação de políticas públicas ambientais.

O encontro aconteceu no museu Sacaca em Macapá. Foto: Maria Silveira | Iepé.

“Nós indígenas queremos ser ouvidos e compartilhar esse trabalho com todos. Quando o diálogo com a natureza se quebra, quando deixamos de escutá-la e compreendê-la, é a nossa própria vida que é afetada”, disse Luene Karipuna, monitora na oficina e coordenadora região Oiapoque da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp).

Durante a oficina, são tratados temas como mudanças climáticas, alertas da ciência do clima, aquecimento global, gases de efeito estufa e suas fontes de emissão, além da importância das florestas e das áreas protegidas. A formação considera as percepções dos próprios jovens indígenas sobre os efeitos da crise climática já observados em seus territórios. 

Entre os impactos relatados está o surgimento de pragas, como a vassoura-de-bruxa da mandioca, que vem causando impactos nas terras indígenas do Oiapoque e agora se expande para o Tumucumaque, afetando diretamente a principal base de subsistência desses povos.

Desenho feito por jovens do Tumucumaque sobre as consequências das mudanças climáticas nos seus territórios.

”Cuidamos do nosso território para não impactar a natureza, mas nossos rios estão secando e as chuvas estão diferentes. O clima ficou bagunçado, não é mais o tempo que conhecemos”, disse Anoak Batista, do povo Karipuna.

Também são abordados termos técnicos relacionados à mudança climática, com destaque para a Conferência do Clima (COP) e o papel dos povos indígenas nesse espaço. Com a COP30 no Brasil se aproximando, a discussão sobre essa participação se torna ainda mais urgente, e iniciativas como esta formação assumem um papel fundamental ao amplificar as vozes indígenas e evidenciar que o enfrentamento da emergência climática passa pela valorização dos conhecimentos e pela presença ativa dos povos indígena nos espaços de decisão política.

Essa atividade faz parte do projeto “Projeto Amapá: Política de Mudanças Climáticas e Povos Indígenas”, uma iniciativa do Iepé com o apoio do Environmental Defense Fund (EDF), para fortalecer a participação indígena em políticas climáticas, trazendo sua voz e experiência para o centro do debate.

Fonte: https://institutoiepe.org.br/2025/07/guardioes-do-clima-iepe-realiza-formacao-em-mudancas-climaticas-para-jovens-indigenas/