Durante três dias, os fundos que fazem parte da Rede de Fundos Comunitários da Amazônia estiveram reunidos na Pré-COP, em Brasília, debatendo e propondo estratégias para incidência na Conferência das Partes (COP30), que será realizada no Brasil em novembro.

O Fundo Indígena Rutî, iniciativa do Conselho Indígena de Roraima (CIR), participou do momento histórico com a coordenadora do fundo, Josimara Baré, o vice-tuxaua geral Paulo Ricardo, a secretária executiva Samara Juscilene e a jornalista Helena Leocádio.

Josimara destacou que o evento marca o fortalecimento da Rede de Fundos Comunitários, além de fazer financiadores e doadores refletirem sobre as próximas ações de financiamento junto aos povos indígenas e quilombolas.

“É um momento muito importante da união coletiva dos nove fundos membros da rede, além de receber convidados do governo, da cooperação, da filantropia, para que possamos fazer um diálogo, um debate, para que se firme compromisso e respostas em vista da COP30”, afirmou Baré.

Durante o ato político, o vice-tuxaua geral, Paulo Ricardo, agradeceu pela oportunidade de participar da Pré-COP, destacou a importância de estar nos espaços de decisão, frisou a luta histórica da organização com 54 anos e a união na luta por ocupação de espaços, lembrando as lideranças que perderam a vida na defesa do território, ressaltando que o Fundo Indígena Rutî é fruto dessa luta.

(Da esquerda para a direita): Josimara Baré, Paulo Ricardo, Alcebias Sapará e Samara Juscilene. (Foto: ASCOM/CIR).
(Da esquerda para a direita): Josimara Baré, Paulo Ricardo, Alcebias Sapará e Samara Juscilene. (Foto: ASCOM/CIR).

“Fundo Rutî vem dessa essência de luta, vem para dar autonomia para as famílias indígenas, com a responsabilidade de manter a luta em defesa dos territórios, em defesa dos direitos indígenas que estão sendo violados dia após dia no Congresso Nacional e até no STF”, concluiu Paulo.

Como ato final, foi feita a leitura da carta de declaração da Rede de Fundos Comunitários da Amazônia, com propostas para a COP30.

O documento, construído em coletividade, trouxe sete pontos importantes. São eles: financiamento direto e autônomo; regularização fundiária e proteção territorial; reconhecimento de conhecimentos e práticas tradicionais; procedimentos administrativos e financeiros adequados; proteção da vida; centralidade das mulheres e juventude; coerência governamental e compromissos concretos.

O último trecho do documento reforça a exigência da participação ativa e poder de decisão dos povos da Amazônia em todos os níveis da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima.

“Por fim, reafirmamos a exigência de participação plena e com poder de decisão dos povos da Amazônia em todos os níveis da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, assegurando que suas demandas e propostas tenham efeito real nas políticas nacionais e internacionais. O planeta não pode esperar pela ação de outros. Nossos territórios, nossas lideranças, nossos saberes são parte da solução. Por nossos modos de vida e pelas gerações futuras, A RESPOSTA SOMOS NÓS!”

A carta-manifesto será apresentada às autoridades, parceiros e doadores.

A Pré-COP da Rede de Fundos Comunitários da Amazônia ocorreu em Brasília, de 27 a 29 de agosto, e reuniu representantes de organizações indígenas, fundos indígenas e quilombolas, além de apoiadores e representantes do governo.

Entre os fundos participantes estiveram: Fundo Dema, Fundo Podáali, Fundo Rutî, Fundo do Rio Negro, Fundo Mizzi Dudu, Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo, Fundo Babaçu, Fundo Puxirum e Fundo Timbira.

A Pré-COP é uma realização da Rede de Fundos Comunitários da Amazônia, com a parceria da Ação Social Franciscana (SEFRA) e apoiada por organizações como The Tenure Facility, Porticus e Rights and Resources Initiative (RRI).

Confira a carta abaixo: 

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Fonte: https://www.cir.org.br/post/pre-cop-da-rede-de-fundos-comunitarios-da-amazonia-encerra-com-ato-politico-e-leitura-da-carta-manifesto