O acordo de cooperação técnica, assinado na quarta-feira (24), marca a história do Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS), considerado único no país por oferecer formação específica e diferenciada, com o propósito de preparar jovens indígenas para atuar como lideranças e profissionais, assumindo responsabilidades dentro e além das comunidades.
Ao longo dos anos, o CIFCRSS enfrentou episódios de violência. Em 2005, foi incendiado por invasores, que destruíram livros, cadernos e estruturas físicas. Até os dias atuais, os crimes seguem impunes.
“Queimaram as telhas, as casas, os livros, mas não queimaram os sonhos dos nossos jovens”, foi a expressão usada pelo tuxaua geral do CIR, Amarildo Macuxi, durante a assinatura do documento.
Apesar dos tristes episódios, o centro resistiu e segue resistindo. Por meio do ensino médio integrado ao curso Técnico em Agropecuária e Manejo Ambiental, atende 27 alunos dos povos Macuxi, Wapichana, Wai-Wai e Yek’uana.

O termo de cooperação técnica entre o Conselho Indígena de Roraima (CIR) e o Governo de Roraima, por meio da Secretaria Estadual de Educação, representa uma conquista e um passo importante para a formação dos estudantes presentes na assinatura do termo. O acordo vai fortalecer os trabalhos já desenvolvidos junto aos alunos e possibilitar o acesso a professores, além da execução conjunta de ações educacionais no centro.
A demanda foi apresentada pelas lideranças durante a 54ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, realizada em março de 2025, e foi acompanhada pela tuxaua geral do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana.
Outra conquista celebrada foi a assinatura do decreto para criação de nove escolas indígenas nos municípios de Boa Vista, Uiramutã, Pacaraima e Normandia. As escolas já existiam como salas anexas.
Uma das instituições criadas é a Escola Indígena Alfredo Duarte, localizada na comunidade indígena Anzol, região Murupu. Anzol é um território em processo de demarcação e, devido à situação, por várias vezes teve políticas públicas negadas.
O decreto, assinado pelo governador Antonio Denarium, reconhece Anzol como território indígena e representa uma vitória para os moradores da comunidade e para o CIR, que há muitos anos luta pela demarcação daquele território.
Texto: Helena Leocádio.
Fotos: Maciel Macuxi.
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