“Todos merecemos uma segunda chance.” Com essa pauta, o Departamento Jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR) conduziu uma oficina inspiradora com jovens do Amazonas e de Roraima, promovendo dinâmicas de escuta e reflexão sobre sonhos e superações.

O assessor jurídico Júnior Nicácio abriu o encontro com uma atividade interativa, em que os participantes compartilharam seus sonhos e experiências. “Recomeçar é uma palavra forte”, destacou, ao incentivar os jovens a olharem para si com mais esperança e coragem.

Luciano Carlos, jovem Wapichana da comunidade São Domingos e estagiário do CIR, emocionou o grupo ao contar sua trajetória de superação: “Hoje vivo o que sonhei um dia.”

A advogada Luciane Xavier propôs uma atividade simbólica: escrever cartas para o próprio “eu do futuro”, com metas e desejos para o próximo ano. “A carta representa um compromisso consigo mesmo, um primeiro passo”, explicou Fernanda Félix, também do Departamento Jurídico.

O coordenador da Força-Tarefa de Desenvolvimento Sustentável Yanomami e Ye’kwana, Dr. Ivo Macuxi, reforçou a importância do tema para a juventude indígena e compartilhou sua caminhada dentro do CIR e do movimento indígena. “As palavras têm força, elas constroem nossos caminhos.”

Juventude indígena do Amazonas junto com Raquel Wapichana. (Foto: Charles Taurepang- ASCOM/CIR).
Juventude indígena do Amazonas junto com Raquel Wapichana. (Foto: Charles Taurepang- ASCOM/CIR).

Durante o momento com os jovens indígenas dos povos Munduruku, Mura, Tariana, Tukano e Apurinã, do estado do Amazonas, foram compartilhadas experiências de luta e resistência, vivências e desafios em seus territórios. O encontro foi marcado por relatos potentes de reafirmação identitária, resistência e orgulho cultural.

Os jovens agradeceram à organização do evento pela oportunidade de troca e fortalecimento junto aos povos indígenas de Roraima. Cada um, ao dividir sua trajetória, carrega não apenas sua história pessoal, mas também o legado ancestral de seus povos.

A atividade reforçou o valor do compartilhamento de saberes entre diferentes povos e a necessidade de manter viva a memória e os conhecimentos tradicionais.

A jovem liderança Sarah Munduruku destacou a importância do orgulho identitário e do uso da comunicação como ferramenta de valorização cultural. “Estamos juntos, fortalecendo a nossa identidade. É importante não ter vergonha. Sou comunicadora indígena e compartilho nas redes sociais para mostrar a nossa luta, cultura e ter orgulho do nosso povo”, afirmou.

O segundo dia da programação foi finalizado com o tema “A nossa identidade é sagrada”, com a participação da liderança Taurepang e de Ryan Arike.

Ryan Arike, da comunidade indígena Taxi, região do Surumu, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, iniciou sua fala na língua Macuxi. Em seguida, compartilhou experiências pessoais e expressou sua gratidão às lideranças que lhe concederam espaço para estar presente e atuar.

Ele destacou a importância da mesa como um espaço essencial para que os jovens presentes na assembleia aprendam a valorizar sua própria identidade e cultura. Seja através do uso de instrumentos tradicionais, como as flautas de mutamba, ou do fortalecimento da língua materna, manter vivo o legado dos antigos é fundamental para preservar e fortalecer a cultura dos povos indígenas.

Encerrando as falas, a liderança Enock Taurepang destacou a valorização da diversidade de pinturas tradicionais entre os povos.

Fonte: https://cir.org.br/post/jovens-indigenas-refletem-sobre-sonhos-e-recomecos-em-assembleia