O Conselho Indígena de Roraima (CIR), por meio do Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC), realiza, nos dias 27 e 28 de outubro de 2025, uma formação voltada aos participantes que irão representar os povos indígenas de Roraima na 30ª Conferência das Partes (COP 30), da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontecerá em Belém, no Pará.
A formação reúne lideranças do CIR, além do representante da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Matthieu Lena, para alinhar propostas e estratégias rumo à Conferência do Clima. O encontro ocorre no auditório do Hotel Blue Inn, em Boa Vista, e tem como objetivo organizar a ida das lideranças, alinhar propostas e fortalecer o trabalho coletivo da delegação indígena roraimense para o evento internacional.
A oficina é ministrada pela coordenadora do DGTAMC, co-presidente do Caucus e enviada especial para a COP 30 no Brasil, Sineia do Vale, e pela assessora internacional Patrícia Zuppi. No segundo dia, o comunicador da Coordenação das Organizações da Amazônia Brasileira (COIAB), Pedro Tukano, irá apresentar a campanha “A Resposta Somos Nós” e a NDC, sigla em inglês que significa, em português, Contribuição Nacionalmente Determinada.
De acordo com Sineia, seguirá uma comitiva de aproximadamente 40 lideranças. A reunião tem como objetivo preparar a delegação e compartilhar informações importantes sobre os diferentes espaços da conferência, como a Zona Azul, a Zona Verde, a Aldeia COP, a Cúpula dos Povos e a Cúpula dos Povos Indígenas. Ela explicou que a preparação é essencial para garantir uma participação efetiva e bem organizada durante a conferência.
“Esse momento é muito importante, porque estamos reunidos com as lideranças do Conselho Indígena de Roraima e também com os representantes da Hutukara. De Roraima, vai uma comitiva de cerca de 40 indígenas para participar da COP 30 em Belém. Essa reunião preparatória serve para trazer informações importantes sobre como vamos atuar em cada espaço, como a Zona Azul e a Zona Verde”, explicou.

Durante os dois dias de trabalho, as lideranças vão conhecer melhor esses espaços, revisar a agenda de eventos e definir como será a atuação dentro de cada um deles. “Esses dois dias são para a gente entender o espaço, saber quais eventos temos na nossa agenda de participação e como estaremos dentro desses ambientes. Essa preparação é fundamental porque antecede a COP e nos orienta quando chegarmos lá, sobre a logística, o transporte, o alojamento e o planejamento das atividades”, destacou Sineia.
Outro ponto abordado é o processo de credenciamento, tanto para a reunião da Plataforma de Povos Indígenas e Comunidades Locais quanto para o acesso à Zona Azul. “Também estamos falando sobre como chegam os credenciamentos nos nossos e-mails e sobre a reunião preparatória da COP, o grande fórum de mudanças climáticas ligado à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que vai acontecer nos dias 8 e 9 de novembro, em Belém”, acrescentou.
O evento da COP deve reunir mais de mil indígenas e será um importante espaço de articulação dos povos na agenda climática global. “Estamos conectando todas as pessoas do Conselho Indígena de Roraima e da Hutukara para que conheçam os espaços onde vão participar. É um momento de preparação, de articulação e de união entre os povos indígenas de Roraima”, reforçou Sineia.



Lideranças participantes da oficina. (Fotos ASCOM/CIR).
Para ela, essa mobilização é fundamental para fortalecer a presença indígena nos espaços de decisão climática. “Essa preparação é essencial para garantir que a gente chegue com segurança, organização e com uma agenda clara, representando os povos indígenas de Roraima nos debates e decisões sobre o clima durante a COP 30”, concluiu.
Participam da formação lideranças das regiões Murupu, Wai Wai, Surumu, Amajari, Serra da Lua, Alto Cauamé e Tabaio, além da equipe técnica do CIR e de lideranças do povo Yanomami.
“Estamos passando informações sobre como será a participação no evento e as atividades que vamos desenvolver. As lideranças estão se preparando com suas propostas para encaminhar à COP, levando uma nova proposta de adaptação às mudanças climáticas. O estado de Roraima é o único que possui um plano de adaptação climática e também apresentará sua brigada indígena. A nossa expectativa é que as demandas sejam atendidas e que a representatividade indígena marque presença”, destacou o tuxaua-geral do CIR, Amarildo Macuxi.
É a primeira vez que as lideranças participam de uma COP. O coordenador da região Surumu, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Jesus Nazareno, ressaltou a importância da oportunidade de aprendizado e troca de experiências. “A minha expectativa é levar conhecimento e buscar mais aprendizado, porque estamos passando por uma situação crítica com as mudanças climáticas. Quero buscar mais apoio para as nossas comunidades”, afirmou.
Durante a oficina, também foram apresentadas informações sobre os espaços oficiais da COP 30, como a Zona Azul, a Zona Verde e o Caucus Indígena, além de orientações práticas sobre a atuação da delegação de Roraima durante o evento.
A atividade conta com o apoio do Instituto de Clima e Sociedade (ICS).
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