Reconhecimento, que não é pedido formal de desculpas, foi considerado por presidenta Sheinbaum como ‘um primeiro passo’
A Espanha expressou oficialmente pesar pela “dor e injustiça” enfrentadas pelos povos indígenas do México durante o período da conquista, em mudança significativa no tom diplomático, após seis anos de tensões entre os dois países em torno da memória colonial.
O reconhecimento ocorreu na sexta-feira (31), durante a inauguração de uma exposição em Madri dedicada às mulheres indígenas mexicanas, e foi feito pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares.
“É uma história muito humana e, como toda história humana, teve seus momentos de luz e sombra. E também houve dor – dor e injustiça contra os povos indígenas aos quais esta exposição é dedicada”, disse o ministro.
“Houve injustiça e é correto reconhecê-la hoje e lamentar por isso, porque também faz parte da nossa história compartilhada, e não podemos negá-la nem esquecê-la”, acrescentou.
A declaração ocorre dias após a presidente do México, Claudia Sheinbaum, retomar publicamente o pedido de desculpas pela Espanha, feito por seu antecessor, o ex-presidente López Obrador.
A presidente mexicana, que atingiu em setembro 73% de aprovação no país, considerou as palavras do chanceler espanhol como um avanço importante na direção do reconhecimento de responsabilidades históricas da Espanha.
“É um primeiro passo e demonstra a importância do que sempre defendemos: que os pedidos de desculpas enobrecem governos e povos. Não é humilhante, pelo contrário”, celebrou.
Nova postura
A manifestação do governo Sánchez contrasta com a postura adotada pelo governo espanhol em 2019, quando Obrador enviou uma carta ao rei Felipe VI e ao Papa Francisco solicitando a retratação pelos “massacres e opressão” praticados durante a conquista colonial.
Na ocasião, Madri rejeitou o pedido, argumentando que os eventos de cinco séculos atrás não poderiam ser avaliados “à luz de considerações contemporâneas” e que deveriam ser encarados como parte de uma história compartilhada, sem ressentimentos.
O reconhecimento do governo espanhol não equivale a um pedido formal de desculpas, mas seu conteúdo é visto como um passo simbólico na reaproximação diplomática com o México e na reavaliação pública do colonialismo.
Conteúdo originalmente publicado em Opera Mundi
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