Em nota, movimento diz que os “homens que deram a voz de comando do Massacre de Guapoy precisam ser responsabilizados”
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou neste sábado (25) nota sobre a ação violenta da Polícia Militar (PM) na retomada do território Guapoy, no município de Amambaí (MS), ocorrida nessa sexta-feira (25), que deixou pelo menos um morto e 10 feridos.
O movimento cobra apuração do caso e punição para todos os envolvidos, inclusive “os mandantes que estão dentro do Governo do Estado”. “Aqueles homens que deram a voz de comando do Massacre de Guapoy precisam ser responsabilizados com urgência”, diz a nota.
O texto lembra que Mato do Grosso do Sul é um “cenário de contínuos massacres”, resgatando o caso do Massacre de Caarapó, quando o agente de saúde indígena Cloudione Souza, da etnia Kaiowá, foi assassinado e outras dez pessoas feridas em um tiroteio.
:: Indígena Kaiowá é assassinado e dez são feridos em ataque no MS ::
“E agora, mais sangue indígena é derramado no sul do estado, por ruralistas e pela polícia militar, seguidores de voz maiores dos altos escalões dos poderes de decisão (…) a troco de mais lucros, mais dinheiro para algumas empresas transnacionais do agronegócio. Mais dinheiro para os bancos, mais dinheiro para os fazendeiros”, denuncia a nota. “Nas terras do Guapoy sobram sangue, lágrimas, dores, desnutrição e muita disposição para continuar a luta pela terra”, completa.
Leia a íntegra da nota:
No massacre de Guapoy as vítimas são Guarani e Kaiowá
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) repudia o massacre de Guapoy, município de Amambai, no estado do Mato Grosso do Sul, ocorrido no dia 24 de junho.
Na manhã, militares e fazendeiros sem ordem de despejo, invadiram a área disparando contra mulheres, idosos, crianças, jovens e homens indígenas, com o objetivo de aterrorizar e atirar sem dó nem piedade. Até o momento foram confirmadas a morte de dois indígenas, e esse número pode subir a qualquer momento, pois existem mais de 15 feridos, hospitalizados e dezenas de desaparecidos.
Além de tiros com balas de borracha e balas de verdade, efetuados desde um helicóptero que sobrevoava Guapoy, os vídeos atestam esse ato ilegal. Os indígenas estão sendo ameaçados sem poder sair da região, com medo de estar dentro dos hospitais.
O território Guapoy planta grãos de soja/milho. Esse território já havia sido retomado anteriormente após a morte do jovem indígena Alex em Jopara, no município de Coronel Sapucaia. Em reposta os indígenas retomam suas terras. A área do Guapoy sofreu reintegração de posse por parte da PM e foi retomada novamente na tarde do dia 23 de junho, pelos indígenas que moram na aldeia Amambay. O município possui a 2° maior reserva do estado do Mato Grosso do Sul, com cerca de 10 mil indígenas.
O estado do Mato do Grosso do Sul é cenário de contínuos massacres. Em 2016 comoveu o mundo o Massacre de Caarapó, com assassinato do agente de saúde Clodiodi. E tantos outros assassinatos, por balas de verdade, atropelamentos em rodovias, fome, doenças e etc.
E agora, mais sangue indígena é derramado no sul do estado, por ruralistas e pela polícia militar, seguidores de voz maiores dos altos escalões dos poderes de decisão. Até quando? A troco de que? Os sangues indígenas derramados a troco de mais lucros, mais dinheiro para algumas empresas transnacionais do agronegócio. Mais dinheiro para os bancos, mais dinheiro para os fazendeiros. Nas terras do Guapoy sobram sangue, lágrimas, dores, desnutrição e muita disposição para continuar a luta pela terra.
É necessária a construção de uma campanha internacional nos órgãos de Direitos Humanos de denúncia e apuração de todos os assassinatos de indígenas. É fundamental que sejam punidos todos os mandantes que estão dentro do Governo do Estado. Aqueles homens que deram a voz de comando do Massacre de Guapoy precisam ser responsabilizados com urgência.
Exigimos que as autoridades se mobilizam e tomam atitudes para resolver os conflitos pela terra.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Mato Grosso do Sul, 25 de junho de 202
Edição: Nicolau Soares
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