Na tarde desta terça-feira, (12) de agosto, a Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) participaram da COParente, edição Roraima.
Ambas palestraram no evento histórico, realizado no Centro Regional Lago Caracaranã, região Raposa, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, local símbolo de luta e resistência dos povos indígenas de Roraima. A mesa foi composta por representantes das organizações APIB, COIAB, CIR e HUTUKARA.
Joenia Wapichana tratou sobre o tema: A estrutura da COP da Mudança Climática – Onde se dá a participação indígena na COP. A presidenta já participou de algumas COPs desde 2003. Ela acompanha as discussões sobre o assunto e já foi co-chair e copresidenta do Caucus Indígena.
“Há mais de trinta anos essa conferência existe e participam pessoas de vários lugares do mundo. Eu iniciei em 2003 e, desde então, tenho acompanhado essas discussões. Estar preparado para essas incidências é fundamental para quem participa desses espaços. Por isso, estamos aqui dialogando e trazendo informações para o território”, disse Wapichana.

A Ministra Sonia Guajajara abordou o tema: Aldear a COP 30 – Como fazer a maior e melhor participação indígena na história. Guajajara citou os desafios enfrentados pelos povos indígenas frente à crise climática, com grandes secas, calor excessivo e chuvas fora de época. A ministra destacou ainda que, para manter a floresta em pé, é preciso urgentemente demarcar os territórios indígenas.
“Essa é a trigésima edição da Conferência das Partes, então queremos aproveitar muito bem esse momento. Vamos chegar com cerca de três mil indígenas nesse espaço, que ocorre pela primeira vez no Brasil. Nós estamos nos preparando junto com a APIB para que seja alcançado esse objetivo. Vamos aldear de fato a COP 30, com participação expressiva e histórica dos povos indígenas nos espaços de debates, e vamos articular para que o número aumente. Estamos nos territórios preparando as lideranças para isso”, destacou a ministra.

Guajajara citou ainda o pioneirismo do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que, por meio do Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC), coordenado por Sineia Wapichana, copresidenta do Caucus Indígena, desenvolveu, junto com os Agentes Territoriais e Ambientais Indígenas (ATAIs), os estudos de caso sobre “O Enfrentamento às Mudanças Climáticas ou o Plano de Adaptação Indígena”, realizado nas regiões Amajari, Serra da Lua e na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Os estudos servem de exemplo para o mundo.

Ao final da programação, foi feita a divulgação dos projetos contemplados no primeiro edital do Fundo Indígena Rutî. Ao todo, foram selecionados 25 projetos regionais, comunitários e familiares.
Enock Taurepang, articulador e precursor do fundo, ressaltou que o momento marca a autonomia e o protagonismo dos povos indígenas de Roraima. “O Fundo Rutî é o sonho das nossas lideranças tradicionais que saiu do papel. É o fortalecimento da autonomia indígena. Foram vários passos até chegar aqui. Gratidão a todos que acreditaram, confiaram e ajudaram na realização desse sonho”, expressou Taurepang.

A COParente, edição Roraima, segue até quarta-feira (13). O evento é realizado pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) em parceria com o Conselho Indígena de Roraima (CIR).
Os próximos estados a receber o ciclo da COParente são Amapá, Mato Grosso e Amazonas.
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