Histórica. Esse foi o adjetivo usado para tratar sobre a 16ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) que, devido à pandemia da Covid-19 e o consequente isolamento social, aconteceu virtualmente nas redes sociais da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). A maior mobilização indígena do país, que leva milhares de indígenas para Brasília, em abril, todos os anos, conectou centenas de indígenas e não indígenas de todo o país desde o dia 27 de abril até a noite de hoje (30).

A coordenadora da APIB, Sonia Guajajara, afirmou que as redes sociais também são espaços que foram negados aos povos indígenas e, por isso, foi tão importante construir o evento virtualmente. “Neste momento de crescimento dos ataques aos direitos indígenas e de nossa extrema vulnerabilidade frente à pandemia, a reinvenção na estratégia foi fundamental para continuarmos mobilizados”, disse.

Durante os quatro dias de evento, indígenas das mais diversas etnias do país, junto de profissionais e pesquisadoras e pesquisadores das áreas jurídica, social, antropológica, da saúde, comunicacional, indigenista, artística e parlamentares parceiras e parceiros da causa indígena, dentre outras pessoas, debateram e apresentaram encaminhamentos sobre os direitos dos povos indígenas e a defesa de seus territórios. As 32 transmissões ao vivo ainda contaram com discussões sobre a luta das mulheres indígenas, juventude, comunicação, indígenas em contexto de urbanidade, visibilidade LGBTQI+ e mudanças climáticas. Houve também pajelança, cantos e danças tradicionais e mostra indígena de filmes.

O ATL 2020 reafirmou o cenário omisso e genocida do atual governo quanto aos povos indígenas. Um dos temas fortemente debatidos foi a saúde indígena e os impactos e enfrentamento à Covid-19. Os povos indígenas são um dos grupos mais vulneráveis ao novo coronavírus, devido à vulnerabilidade epidemiológica e territorial, e a sua chegada às aldeias tem gerado grande preocupação entre as lideranças.

Sonia lembrou que os povos indígenas vivem um dos momentos mais trágicos de sua história em função dos recorrentes ataques do governo Bolsonaro e as constantes tentativas de retirada de direitos. “O tempo é de novas e velhas ameaças, estamos lutando contra o novo coronavírus que já matou mais de 10 indígenas, mas também contra todas as outras ameaças e ataques, nossos territórios continuam sendo invadidos por garimpeiros e madeireiros de forma ilegal, tudo isso exige de nós um alerta duplicado”, ressaltou.

Programação regional 

As organizações indígenas regionais que fazem parte da APIB também contaram com programações durante o ATL 2020. O coordenador do COMIN, Sandro Luckmann, participou como mediador do debate “Direitos e usufrutos territorial indígena: a luta pela retomada e a retomada da luta na região sul”. A discussão fez parte do Ciclo de debates da Região Sul promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul) e teve como tema transversal “Vulnerabilidades dos Povos Indígenas em tempo de pandemia”.

Todas as transmissões ao vivo do ATL 2020 estão disponíveis no site da APIB (http://apib.info/) e na página do Facebook do COMIN (https://facebook.com/cominlestecatarinense/).

 

Foto: Reprodução Mídia Índia

 

 

 

 

Fonte: http://comin.org.br/noticias/noticia/id/486

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