Respondendo ao questionamento de uma internauta, a especialista em políticas públicas do Observatório do Clima definiu os incêndios florestais que atingiram o bioma no Centro-Oeste brasileiro como “uma tragédia”, e que o governo deveria ter articulado o uso de infraestrutura para combater os incêndios, como o uso de aeronaves. “O Prevfogo do Ibama tem experiência para isso”, afirmou, se referindo ao Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto.
Em sua fala, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) “Ou o presidente da República vai entender que ele vai precisar defender a biodiversidade, o Pantanal e a Amazônia, ou o setor que o apoia, que é o agronegócio, vai ser o maior prejudicado nesta história”.
Molon lembrou que a política ambiental do governo Bolsonaro poderia impactar o Brasil em outros setores além do agronegócio – o parlamentar, líder de bancada, afirmou que em uma conversa com investidores do setor de petróleo a política ambiental governamental é motivo de preocupação.
“E o que aconteceria se os investidores estrangeiros começassem a vender as ações que tem ao redor do mundo?”, questionou o deputado. Ele mesmo respondeu: “Estas empresas começarão a perder valor e valer menos, perdendo riqueza. Os efeitos vão além da área agropecuária, ligadas diretamente ao desmatamento, e atingem toda a economia brasileira.”
Para o parlamentar, é preferível que o parlamento resolva as questões – mas, em momentos de obstrução, é preciso ir ao Judiciário. “O Judiciário tem sido acionado porque o Legislativo tem deixado a desejar”, disse. “Se um poder não funciona, é preciso que outro o faça funcionar. Se o Legislativo não está cobrando o Executivo a fazer o que a Lei manda, é indispensável ir ao Judiciário:
“O discurso do presidente deveria menos acusatório dos nosso problemas”, afirmou o parlamentar, que se considera um “Amazônida”. O foco, aponta deveria ser em cobrar a comunidade internacional dos investimentos a serem feitos para a proteção da floresta.
O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) se mostrou contrário ao modelo expansionista do agronegócio brasileiro. Segundo dados apresentados pelo deputado, 60% das queimadas no Mato Grosso é realizado por médias e grandes propriedades no estado, que seriam também as mais interessadas em regularizar terras públicas adquiridas de maneira ilegal, por grilagem.
O parlamentar é um dos que foi até o Pantanal para acompanhar o combate aos incêndios, como parte de uma comissão externa exclusiva da Câmara dos Deputados. “O que nos vimos, lá, in loco, é uma completa inação por parte do governo”, disse .”Com certeza o parlamento vai dar uma resposta, aprimorando a legislação, considerando inclusive os agentes que vivem no Pantanal – sejam os grandes pecuaristas, quilombolas, indígenas e a cadeia do turismo.”
Segundo Tatto, o papel do Congresso nesta crise ambiental é o de expor a ação do governo Bolsonaro contra o patrimônio ambiental do país – e também impedir novos retrocessos. “É preciso transformar em lei e política de estado o que estava dando certo”, disse o deputado paulista.
Dois jornalistas do Congresso em Foco compartilharam a mediação da live: Sylvio Costa, fundador deste site, e Íris Lucia.
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