Aos 90 anos, liderança indígena da região do Xingu teve úlceras intestinais e inflamação no cólon
O cacique Raoni Metuktire, 90, recebeu alta médica e retornou à sua aldeia, no Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso, no último fim de semana após passar nove dias internado por conta de uma hemorragia digestiva.
Levado para um hospital de Colíder, no Mato Grosso, no dia 16 de julho, ele teve o quadro de saúde agravado por uma anemia e precisou ser internado em um hospital de Sinop, dois dias depois.
Raoni recebeu diagnóstico de úlceras intestinais e inflamação no cólon e chegou a passar por uma transfusão de sangue. Os exames para Covid-19 deram negativo.
Na saída do hospital, ele agradeceu aos cuidados e preocupações e, na língua do seu povo, alertou para o risco das doenças “repentinas”.
“Agora estou curado, mas eu queria falar pra vocês que doença chega a qualquer dia e ataca alguém da nossa família. Eu queria que todas as pessoas pensassem nisso e possam gostar, amar, respeitar o outro, porque a gente não sabe o dia de amanhã”, disse o cacique, antes de deixar o hospital, em Sinop.
Segundo o sobrinho-neto de Raoni, Patxon Metuktire, o estado de saúde do cacique havia começado a piorar após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, em 23 de junho, vítima de um AVC. Desde então, Raoni apresentou sinais de depressão.
Liderança da região do Xingu, o cacique é conhecido no mundo todo pela defesa dos direitos dos povos indígenas. Seu verdadeiro nome é Ropni (“onça”), e ele pertence aos Mebêngôkre do grupo Metyktire, mas ganhou fama mundial como líder dos Kaiapó.
Raoni, que teve participação fundamental nos direitos indígenas conquistados na Constituinte de 1988, quando rodou o mundo com o músico Sting divulgando a luta indígena na Amazônia, pertence à geração contatada pelos irmãos Villas-Bôas, sertanistas que defendiam as populações indígenas nas décadas de 1940 a 1950 —cerca de uma década antes da criação do Parque Nacional do Xingu.
Recentemente, o cacique Kaiapó se encontrou com personalidades como o papa Francisco, no Vaticano, e com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris, em maio do ano passado, pedindo ajuda para financiar a proteção da Amazônia durante o governo Bolsonaro, que acusou o indígena de estar sendo usado por governos internacionais com interesses na Amazônia.
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