Daniel Munduruku lê “A Queda do Céu”, de Davi Kopenawa e Bruce Albert – Reprodução/TV Folha
Autores brasileiros são finalistas do Alma, um dos maiores reconhecimentos internacionais do livro para crianças e jovens
O prêmio sueco Alma, sigla do Astrid Lindgren Memorial Award e um dos mais importantes reconhecimentos internacionais da literatura infantojuvenil, divulgou os finalistas da próxima edição, cujo vencedor será anunciado no ano que vem. Entre os indicados estão dois brasileiros —Daniel Munduruku, escritor que é um dos precursores da literatura indígena brasileira, e Roger Mello, um dos ilustradores mais premiados do país.
O prêmio é entregue todos anos e, ao lado do Hans Christian Andersen, está entre os principais troféus do livro para crianças e jovens. O vencedor, escolhido por 12 jurados pelo conjunto da obra ou por sua contribuição para a literatura para esse público, recebe 5 milhões de coroas suecas, ou seja, cerca de R$ 2,7 milhões, o que faz do Alma um dos prêmios literários mais polpudos do mundo.
Mello é autor de histórias ilustradas que se tornaram marcos, como “Meninos do Mangue” e “Carvoeirinhos”, e vem aparecendo constantemente entre os finalistas das últimas edições do prêmio, que homenageia a escritora sueca Astrid Lindgren, autora do clássico “Pippi Meialonga”.
Ilustrações de Roger Mello

O escritor e ilustrador Roger, que venceu o Hans Christian Andersen na categoria ilustrador André Borges /FolhapressMais
O ilustrador já venceu em 2014 o Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura para crianças e jovens. Além dele, também ganharam o Andersen as escritoras brasileiras Ana Maria Machado e Lygia Bojunga —única autora do país a ser premiada com o Alma até o momento.
Já Munduruku se junta a Mello entre os indicados e reforça o olhar dos suecos para a literatura indígena de diferentes partes do mundo. O troféu deste ano ficou com a instituição Indigenous Literacy Foundation, da Austrália, que promove projetos literários com 427 povos originários do país. Além de trabalhar com contações de histórias e incentivar programas de incentivo à leitura, a organização já doou mais de 750 mil livros e publicou cerca de 110 títulos em 31 idiomas indígenas.
Imagens do escritor Daniel Munduruku

Daniel Munduruku em foto no Instagram @danielmundurukuoficial no InstagramMais
Escritor e vencedor do prêmio Jabuti por títulos como “Vozes Ancestrais”, Munduruku é também professor, ativista e filiado ao PDT. Neste ano, ele foi eleito vereador pela cidade de Lorena, no interior de São Paulo. Em 2022, tentou uma vaga de deputado federal pelo mesmo partido, mas não foi eleito.
Ao todo, 265 candidatos de 72 países concorrem ao prêmio, que anunciará o vencedor no dia 1º de abril do ano que vem. Se Lygia Bojunga é a única brasileira ganhadora do Alma, tendo recebido o troféu em 2004, a América Latina não tem um premiado desde 2013, quando a ilustradora argentina Isol foi a escolhida.

Neste ano, ao lado dos dois brasileiros, concorrem ao Alma nomes como a argentina María Teresa Andruetto, a chilena María José Ferrada, a colombiana Yolanda Reyes e o equatoriano Roger Ycaza, por exemplo. Entre os conhecidos dos leitores daqui estão ainda a alemã Jutta Bauer, a polonesa Iwona Chmielewska e os portugueses Bernardo P. Carvalho, Catarina Sobral e Madalena Matoso, além da sul-coreana Suzy Lee e do inglês Quentin Blake.
Mas é claro que entre os favoritos despontam os cinco finalistas da Palestina. Sob intenso ataque de Israel há mais de um ano, o território tem duas autoras indicadas —Ahlam Bsharat e Sonia Nimr—, além de três instituições ligadas à literatura para crianças e jovens —Lajee Center, Seraj Library Project e Yafa Cultural Center.
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