Candidato do partido Pachakutik ficou em terceiro lugar na eleição presidencial e acusa fraude no pleito

Sylvia Colombo

BUENOS AIRES

A marcha de indígenas liderada por Yaku Pérez, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial do Equador, chegou nesta terça-feira (23) a Quito. Eles partiram do sul do país e percorreram 700 km.

Pérez, que entrou na capital em cima de uma bicicleta, afirmou que a manifestação será pacífica e que reivindicará a recontagem dos votos, uma vez que, para ele, houve fraude na apuração.

O plano do Pachakutik, seu partido, é acampar no Arbolito, praça no norte de Quito que foi epicentro das manifestações de 2019, e realizar um ato de repúdio nesta quarta (24) em frente à sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Marcha de indígenas em apoio a Yaku Pérez chega a Quito após percorrer 700 km (foto retirada a pedido do detentor de direito autoral)

No domingo (21), o organismo anunciou que Pérez havia sido derrotado no primeiro turno por Guillermo Lasso, definindo assim o segundo turno entre o candidato da centro-direita e o esquerdista Andrés Arauz. A decisão do CNE não acatou o pedido de recontagem feito pelo Pachakutik.

Pérez chegou ao Arbolito sob os gritos de “Yaku, presidente” e afirmou que a suposta fraude “está calando a voz de 2 milhões de equatorianos, e é por eles que viemos até aqui”. O líder indígena afirma ainda que Lasso comprou os 800 mil votos que lhe permitiram ultrapassar Pérez.

O partido diz levar evidências —fotos de atas de votação com irregularidades— que serão apresentadas na manhã desta quarta ao CNE.

Segundo a mídia local, trata-se de uma caravana de centenas de indígenas, com mais pessoas sendo esperadas de outras partes do país ao longo da madrugada. Pérez afirmou que estão chegando 5.000 indígenas de outras regiões.

Esperavam o grupo em Quito alguns dirigentes da Conaie (Confederação de Nacionalidades e Povos Indígenas da Costa), a principal agremiação de sindicatos indígenas, que liderou os protestos de 2019 contra o aumento dos combustíveis.

O dirigente Javier Aguavil afirmou que a manifestação “não é só dos indígenas” e que o pedido pela transparência nas eleições deveria ser abraçado por toda a sociedade.

“Convidamos a todos os equatorianos que queiram participar na defesa da democracia. É um dever cívico acompanhar-nos nesta reclamação”.

Em entrevista a meios de comunicação estrangeiros nesta segunda (22), Guillermo Lasso afirmou que as reivindicações de Pérez já não podem ser consideradas legais “porque extrapolaram o tempo permitido das apelações”.

Após a conclusão da apuração de 100% das urnas, os números apontaram que Arauz, candidato apadrinhado pelo ex-presidente Rafael Correa, teve 32,7% dos votos. Já Lasso, de centro-direita, garantiu o segundo lugar ao receber 19,74%.

Em terceiro, e portanto fora da disputa, ficou o líder indígena de esquerda Yaku Pérez, com 19,38%.

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