Fotos: Acervo/Funai
Nos dias 28 e 29 de setembro, a Terra Indígena Rio das Cobras, localizada no município de Nova Laranjeiras (PR), foi palco do 1º Encontro sobre Território Etnoeducacional no Estado do Paraná. O evento reuniu cerca de 120 participantes, incluindo indígenas das etnias Guarani, Kaingang e Xetá, que atuam como gestores, professores, estudantes de licenciatura, caciques e lideranças de várias regiões do estado.
Durante os dois dias de atividades, mediadas pelo consultor do Ministério da Educação (MEC), Fidencio Vera, os participantes compartilharam experiências e discutiram desafios e perspectivas para a execução de uma Educação Escolar Indígena diferenciada, que esteja alinhada com as expectativas e necessidades das comunidades indígenas.
A realização do encontro foi possível devido à parceria entre a Coordenação de Processos Educativos (COPE/CGPC/DPDS/FUNAI), a Coordenação Regional de Guarapuava (CR-GPV/FUNAI) e a Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena do MEC (CGEEI/SECADI). O evento também contou com o apoio da Coordenação Técnica Local de Nova Laranjeiras, da Associação da Terra Indígena Rio das Cobras e de profissionais das escolas indígenas da comunidade.
Reflexões sobre a Educação Escolar Indígena
Jefferson Gabriel Domingues, da etnia Guarani-Nhandewa, diretor da Escola Estadual Indígena Ywy Porã (TI Pinhalzinho/Tomazina-PR) e doutorando em Educação pela UEM, destacou a importância do encontro para a história da Educação Escolar Indígena no Paraná. Em suas palavras, o evento foi um marco por sua organização pautada nas epistemologias indígenas, respeitando as tradições e modos de ser das etnias envolvidas.
“O evento dos Territórios Etnoeducacionais realizado na TI Rio das Cobras foi um acontecimento ímpar para a História da Educação Escolar Indígena em nosso Estado. Toda sua articulação se deu pela epistemologia indígena Guarani, Kaingang e Xetá, em que as falas e sentimentos sobre o trabalho nas Escolas Indígenas no Paraná foram expressados de forma autêntica, natural do modo de ser indígena. Esse evento, conduzido por nós indígenas, com nossa autonomia, nos uniu e nos fortaleceu, pois nos sentimos em casa,” afirmou Domingues.
Também foram discutidas questões específicas do contexto paranaense, como a necessidade de uma política educacional emergencial nos locais de retomada e de resguardar os costumes tradicionais perante o luto, a necessidade de um o calendário diferenciado e concursos para professores indígenas no Estado, que hoje são todos contratados via processo seletivo simplificado.
Avanços e Desafios
O encontro também foi um espaço para debater os avanços e os retrocessos na implementação das políticas públicas para a Educação Escolar Indígena no Brasil. Os participantes enfatizaram a importância da resistência e das lutas contínuas pelos direitos conquistados, destacando que as leis que regem a Educação Escolar Indígena foram resultado de demandas das próprias comunidades e que é papel das instituições públicas garantir seu cumprimento.
Domingues também destacou a conexão espiritual e cultural que permeou o evento, com cânticos e rituais que reforçaram a identidade e a ancestralidade indígena no território da TI Rio das Cobras. Segundo ele, embora os desafios sejam muitos, o evento representou um importante passo para fortalecer a luta por uma Educação Escolar Indígena mais humanizada e de qualidade para as crianças e jovens indígenas do Paraná.
Fortalecimento e Articulação
O 1º Encontro sobre Território Etnoeducacional no Paraná reafirmou o compromisso das lideranças e das comunidades indígenas em avançar na implementação de uma educação que respeite e valorize suas culturas e tradições. Ao final do evento, os participantes saíram mais articulados e determinados a lutar pela efetivação de políticas públicas que atendam às necessidades de suas comunidades, garantindo uma educação que realmente faça a diferença na vida das futuras gerações.
A Funai reafirma seu compromisso em apoiar essas iniciativas e trabalhar em conjunto com os povos indígenas para promover uma Educação Escolar Indígena que respeite a ancestralidade presente nas diversidades étnicas culturais e contribua para a construção de um futuro mais justo e inclusivo.Categoria
Educação e Pesquisa
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