Foto: Divulgação
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AFundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) participou, nesta terça-feira (27), da cerimônia que marcou o início da construção do Centro de Referência de Saúde Indígena na região de Surucucu, no território Yanomami, em Roraima. A estrutura vai beneficiar cerca de 10 mil indígenas em 60 comunidades na Terra Indígena Yanomami (TIY). A obra faz parte de um acordo de cooperação entre o Ministério da Saúde, a Central Única das Favelas (CUFA) e a organização não governamental alemã Target Reudiger Nehberg. O novo centro comportará 54 profissionais de saúde. O objetivo é reformar e ampliar as instalações físicas existentes, adaptando-as às necessidades de atendimento e aos padrões de qualidade estabelecidos, bem como aos programas de necessidades apresentados por profissionais de saúde atuantes na unidade.
Além disso, serão construídas novas edificações para alojamento de profissionais de saúde, refeitório e cozinha, garantindo melhores condições de trabalho e acolhimento aos usuários. Também serão implantados sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e tratamento de resíduos, garantindo a segurança e a higiene do ambiente, além de equipar o Centro de Referência com os recursos materiais e tecnológicos necessários para a prestação de serviços de saúde de qualidade.
Devido às fortes chuvas na região, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, não conseguiram pousar em Surucucu e participaram remotamente da cerimônia. No evento, promovido pelo Ministério da Saúde, Joenia Wapichana reforçou o compromisso do Governo Federal para reverter a Emergência de Saúde Pública na TIY. A presidenta destacou ainda a importância do Centro de Referência para a saúde do povo Yanomami.
“Estamos nessa luta para reverter todo esse quadro de crise humanitária, crise de saúde, porque todos os povos indígenas que estão presentes nesse evento são detentores de direitos à saúde, à cidadania. Estamos juntos nessa luta para reverter o quadro não somente na saúde, mas também na segurança alimentar, na proteção dos territórios. E é justamente nesse sentido que a Funai vem acompanhando as ações do Governo Federal”, disse Joenia, ressaltando a importância de uma atuação integrada entre órgãos federais, estados e municípios para promover e proteger os direitos dos povos indígenas.
Investimentos
O território Yanomami é a maior terra indígena do Brasil, com 10 milhões de hectares, mais de 390 comunidades e 30 mil indígenas. Desde janeiro de 2023, foram implementadas diversas ações emergenciais para reestruturar a saúde indígena no local, que sofreu um desmonte entre 2019 e 2022.
O Ministério da Saúde notificou queda de 33% no número de mortes no povo Yanomami. No primeiro trimestre de 2024, foram 74 óbitos. No mesmo período de 2023, os registros alcançaram 111. Os dados preliminares indicam que houve queda nos números de mortes causadas por: desnutrição (-71%), infecções respiratórias agudas (-59%) e malária (-50%).
O Ministério da Saúde reabriu sete polos base. Com isso, 5,2 mil indígenas voltaram a ter acesso à assistência. Atualmente, todas as 37 unidades estão em funcionamento. O número de profissionais de saúde atuando no território Yanomami subiu 116%. Passou de 690, no início de 2023, para 1.497 agora.
A imunização foi reforçada. As doses de rotina passaram de 8.048 mil nos três primeiros meses do ano passado, para 11.872 neste ano — alta de 47,5%. Já as doses aplicadas em campanha saltaram de 3.225, em 2023, para 6.636 neste ano. O resultado significa aumento de 105% no período.
Por fim, a pasta concluiu 1,5 mil ações de infraestrutura e saneamento no território Yanomami, incluindo a reestruturação de 10 unidades básicas de saúde indígena (UBSIs), 80 operações de limpeza e manutenção de pistas de pouso para garantir a acessibilidade e segurança nessas áreas críticas. Houve, ainda, a instalação de 35 estruturas de tecnologia da informação e comunicação. Entre elas, antenas e maletas T3SAT.
Segurança alimentar
Soberania e segurança alimentar dos povos da TIY, afetada pelas atividades criminosas do garimpo, também são prioridade. Como medida emergencial, foram entregues cerca de 97 mil cestas de alimentos no território desde o decreto de Emergência em Saúde Pública no início de 2023. O Governo Federal, no entanto, busca garantir autonomia aos indígenas na produção dos seus alimentos para que não fiquem dependentes das doações. Por isso, a Funai e órgãos parceiros têm avançado em projetos de soberania alimentar e nutricional em conjunto com lideranças da TI Yanomami.
Educação
Para a educação, o Ministério da Educação (MEC) destinou R$ 32 milhões para a construção de escolas no território Yanomami. Os recursos são destinados também à manutenção dos espaços e à formação de educadores no território etnoeducacional Yanomami e Ye’kwana, de forma emergencial. Do investimento total de R$ 32 milhões, aproximadamente R$ 18 milhões vão para a formação de professores, maior demanda trazida pelas lideranças. Os Yanomami são a etnia brasileira com o menor número de profissionais formados pela educação superior — menos de 1%. Os novos aportes visam fortalecer o Programa Saberes Indígenas no Território, responsável pela formação continuada e pela produção de material didático voltado a esse público.
Reforma da Casa de Saúde Indígena Yanomami efetiva direitos dos povos indígenas
Assessoria de Comunicação/Funai
Com informações do Ministério da SaúdeCategoria
Saúde e Vigilância Sanitária
Tags: SOSYanomami
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