Objetivo é ampliar a formação qualificada de indígenas em áreas cruciais como temas urbanos, políticas públicas e sustentabilidade

– Foto: ASCOM/MPI

OMinistério dos Povos Indígenas (MPI) e o Insper firmaram, nesta quinta-feira (14), parceria de cooperação técnica voltada à oferta de ensino e oportunidades de formação para indígenas. A assinatura ocorreu em São Paulo, durante o evento “COP 30 em Perspectiva: Povos Indígenas e as Mudanças Climáticas”, organizado pelo Insper em parceria com o MPI. A colaboração mira a qualificação de indígenas em áreas estratégicas e busca ampliar sua presença na Administração Pública, na política e no meio acadêmico.

O acordo apoia a formação em diferentes níveis de ensino, da graduação à pós-graduação e à educação executiva, e prevê programas complementares. Vai além da sala de aula ao incentivar a produção de conhecimento, com estudos, pesquisas e avaliações de impacto voltadas à inclusão indígena.

A ministra Sonia Guajajara participou do evento que contou com a participação de nomes como Txai Suruí (Líder Indígena Paiter Suruí), Thiago Karai (Líder Indígena Guarani), Amanda Costa (Fundadora do Perifasustentável), Marcelo Orticelli (vice-presidente de desenvolvimento organizacional do Insper) e Priscila Claro (diretora de Graduação do Insper). Em seu discurso, ela disse que a assinatura inaugura uma “excelente parceria” e frisou que o acordo ocorre em meio aos preparativos da COP 30, que será realizada em Belém, em novembro.

A conferência será democrática e contará com ampla participação indígena nas rodadas de negociação, nas agendas oficiais e nos eventos paralelos. O objetivo, disse a ministra, é superar a participação histórica com a presença de mil indígenas credenciados na zona azul (espaço oficial de negociações), sendo 500 do Brasil e 500 de outras partes do mundo.

Para tanto, o MPI investe em iniciativas de formação como o programa “Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global”, que prepara, em parceria com o corpo diplomático brasileiro, jovens lideranças para incidência direta e acompanhamento das negociações e o Ciclo COParente, que percorre as cinco regiões do Brasil com objetivo organizar e preparar os povos indígenas para a COP 30. Além disso, Sonia Guajajara preside o Círculo dos Povos, instância vinculada à presidência da COP, e também preside a Comissão Internacional dos Povos Indígenas no âmbito desse Círculo.

“Nós estamos trabalhando para que esta seja, além da COP da participação, a COP democrática e a COP da implementação. É preciso implementar os instrumentos, porque não há mais tempo”, disse. A pauta, afirmou, passa pela inclusão de mulheres, juventudes, povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultura familiar nos espaços de decisão, e por medidas efetivas de mitigação e adaptação, sobretudo da demarcação e proteção de territórios à reorganização de sistemas produtivos.

A escolha do Brasil e, em particular, da Amazônia como sede da COP 30 é, nas palavras da ministra, uma decisão “muito acertada”, pois permitirá que o mundo “conheça a Amazônia” não apenas como floresta, fauna e flora, mas também como um lugar de “muitas pessoas, uma diversidade de cultura, uma diversidade de saberes” que precisam ser valorizados. Ela lembrou que o Brasil ainda está entre os países com maior número de assassinatos de defensores do meio ambiente e reiterou a prioridade de proteger quem está na linha de frente, neste caso os povos indígenas: “Antes de proteger a Amazônia, é importante proteger quem protege”.

Fonte: https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/noticias/2025/08/mpi-formaliza-parceria-com-insper-para-bolsas-e-formacao-de-indigenas