Informação vinculada pela imprensa aponta que o posto deve ser assumido Ricardo Lopes Dias que foi membro da Missão Novas Tribos do Brasil que promove a evangelização de índios brasileiros desde os anos 1950.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) criticaram publicamente a indicação.
A APIB afirmou em nota que repudia veemente a indicação de um pastor evangélico ligado à Missão Novas Tribos do Brasil, organização missionária de origem norte-americana, para a assumir a Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai. A organização alerta que “são conhecidas as nefastas consequências das atividades proselitistas sobre os povos indígenas isolados em território brasileiro ao longo da história. Há inúmeras situações onde o contato forçado provocado por grupos missionários, inclusive ligados à MNTB, teve como rápida consequência elevado número de mortes por doenças, desestruturação sociocultural e desterritorialização”.
Já a COIAB denuncia que a nomeação de missionário para atuar junto aos povos isolados “significa mais um ataque deste governo racista e preconceituoso contra nossos povos, nossas famílias”. E a UNIVAJA alerta que conquistas consolidadas por décadas na proteção aos índios Isolados passam a estar ameaçadas, uma vez que a “atuação missionária nas aldeias tem sido nociva tanto quanto as doenças, pois causa a desorganização étnica, social e cultural dos povos indígenas”.
Segundo a BBC News, servidores da Funai que não quiseram ser identificados disseram que o processo de nomeação de Dias já cumpriu quase todos os trâmites, faltando apenas a oficialização.
A indicação do ex-missionário parece apontar para a mudança da política da Funai frente aos povos isolados que vigora desde a década de 1980 e que tem como princípio o respeito ao isolamento voluntário desses povos, cabendo ao Estado proteger e demarcar suas terras. O risco é a volta à política de contato deliberado com esses povos que já se mostrou desastrosa.
Segundo o ISA , existem no Brasil, existem 115 registros de grupos, 28 deles confirmados.
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