A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) criticaram publicamente a indicação.

APIB afirmou em nota que repudia veemente a indicação de um pastor evangélico ligado à Missão Novas Tribos do Brasil, organização missionária de origem norte-americana, para a assumir a Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai. A organização alerta que “são conhecidas as nefastas consequências das atividades proselitistas sobre os povos indígenas isolados em território brasileiro ao longo da história. Há inúmeras situações onde o contato forçado provocado por grupos missionários, inclusive ligados à MNTB, teve como rápida consequência elevado número de mortes por doenças, desestruturação sociocultural e desterritorialização”.

Já a COIAB denuncia que a nomeação de missionário para atuar junto aos povos isolados “significa mais um ataque deste governo racista e preconceituoso contra nossos povos, nossas famílias”. E a UNIVAJA alerta que conquistas consolidadas por décadas na proteção aos índios Isolados passam a estar ameaçadas, uma vez que a “atuação missionária nas aldeias tem sido nociva tanto quanto as doenças, pois causa a desorganização étnica, social e cultural dos povos indígenas”.

Segundo a BBC News, servidores da Funai que não quiseram ser identificados disseram que o processo de nomeação de Dias já cumpriu quase todos os trâmites, faltando apenas a oficialização.

A indicação do ex-missionário parece apontar para a mudança da política da Funai frente aos povos isolados que vigora desde a década de 1980 e que tem como princípio o respeito ao isolamento voluntário desses povos, cabendo ao Estado proteger e demarcar suas terras. O risco é a volta à política de contato deliberado com esses povos que já se mostrou desastrosa.

Segundo o ISA , existem no Brasil, existem 115 registros de grupos, 28 deles confirmados.

Textos, artes e vídeos da Comissão Pró-Índio de São Paulo estão protegidos pela legislação brasileira sobre direito autoral. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita do conteúdo para uso não comercial é incentivada desde que citada a fonte. Para solicitar autorização comercial, entrar em contato: cpisp@cpisp.org.br
A reprodução das fotos não está autorizada e depende de autorização expressa do autor da imagem.
Apresentamos links que direcionam para sites externos. A CPI-SP não se responsabiliza pelo conteúdo desses materiais.