Tradução de Idjahure Kadiwel, para Yandê
Tais foram, em suma, os votos da primeira aliança selada, há cerca de 400 anos, entre as nações indígenas da Ilha da Tartaruga (América do Norte) e os representantes do colonizador.
Beaded Amauti (Amauti de miçangas), 2019, Ulivia Uviluk (Inuit), miçanga, pele, 11 cm x 7 cm x 3 cm.
A pandemia veio sacudir a organização de Honrar nossas afinidades, tema desta 5ª bienal indígena montrealense. É uma pena. Esperamos que o desconfinamento permita, em breve, remediar a penúria dessas circunstâncias, pois o evento é, neste ano, uma real celebração da arte indígena contemporânea canadense inteiramente orquestrada pelos indígenas do Canadá.
a long time ago//mewinzha (há muito tempo atrás), 2018, Dylan Miner (Métis), 704 agulhas de pinheiro em 176 pedaços de fio de cobre, 176 quadrados de pinheiro branco ancestral, cobre, 6 m x 5 m x 3 m. Ao fundo, do mesmo artista, look back at her//ndaabanaabamaa (olhe para trás, para ela), sete cianotipos em algodão com tubos de cobre.
Três curadores destacados dos pontos de vista artístico e político dão a essa BACA um perfume muito particular, entre a declaração identitária combativa e a afirmação assumida de uma busca de sobrevivência.
Calico & Camouflage: Shane, Avatar activist (Chita & Camuflagem: Shane, Avatar ativista), 2020, Skawennati, impressão digital adesiva, 94 cm x 216 cm. Na placa lê-se “PLUS JAMA!S DE SOEURS VOLÉES”, ou “NUNCA MA!S IRMÃS ROUBADAS”.
Os dois curadores condenam, dentre outras coisas, a delimitação de reservas indígenas do “KKKanadá”, a falta de acesso a água potável em certas comunidades indígenas, a brutalidade policial frente aos indígenas e a “crise genocida” que mira as mulheres indígenas. Um tom muito firme, que deixa pouco espaço para nuances.
A BACA 2020 é portanto marcada pelo reconhecimento acerca dos recursos da vida sobre a Terra e da transmissão de saberes, pedra angular da sobrevivência das Primeiras Nações. São abordadas relações intergeracionais, a importância da memória e dos ancestrais, e os laços com nosso ambiente. Os temas mais atuais possíveis.
Eis um desafio dirigido aos montrealenses não-indígenas, convidados a mergulhar sem preconceitos no coração desse universo paralelo, que tende, nos últimos anos, cada vez mais a se unir ao seu, em direção a um amanhã talvez mais harmonioso.
O pintor e professor Métis David Garneau assegura a curadoria da BACA 2020, assistido por Faye Mullen, artista Anishinaabe (à esquerda), e por rudi aker, artista Wolastoqiyik (ao centro).
Fonte: https://radioyande.com/
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