Olá, parentes e amigos! Sou Anápuàka Muniz Tupinambá Hãhãhãe, comunicador indígena, empreendedor, criador do conceito de Etnomídia Indigena, idealizador e fundador da Rádio Yandê e outros. Há anos venho falando em eventos, palestras, formação educacional e política mídias e espaços educacionais e acadêmicos sobre a importância e a urgência de abordar a descolonialidade e a decolonialidade indígena. Hoje, quero reforçar essa mensagem e explicar por que esses conceitos são fundamentais para combater o racismo estrutural sistêmico e o que eu a muitos anos chamo de “Holocausto Indígena” que ainda persiste no Brasil desde do colônia invasora em 1500. Em breve publicarei um artigo espeficico sobre o Holocausto Indigena e genocidio Indigena, mas seguimos o nosso texto.

A Urgência do Momento e a Importância dos Conceitos

Vivemos em um momento crítico, onde o racismo estrutural e as políticas que marginalizam os povos indígenas estão mais fortes do que nunca. Não é exagero dizer que estamos enfrentando um tipo de holocausto, onde nossas terras, culturas e vidas estão sob constante ameaça. É aqui que a descolonialidade e a decolonialidade indígena entram como ferramentas práticas e teóricas de resistência e sobrevivência.

Será um texto leve direto e com exemplos sem maestrias acadêmicas de hipervalorização do conhecimento de títulos e ego versus saberes de quem faz na prática e vive o real além das letras encarreiradas e doutrinadas, então respira fundo e vamos!

Etnomídia Indígena e Tecnologia

Como criador do conceito de Etnomídia Indígena e fundador da Rádio Yandê, vejo a mídia como um espaço crucial para a descolonialidade. A tecnologia também tem um papel importante. Estamos na era digital, e é vital que nós, povos indígenas, também façamos parte deste espaço. Seja através de fintechs indígenas como o Mani Bank ou através de festivais de música como o Yby Festival, estamos usando a tecnologia para descolonizar o espaço digital.

Exemplo na Aldeia: Autonomia Cultural e Educação

Na aldeia, a descolonialidade pode ser praticada através da autonomia cultural e educação. Isso significa ter o poder de decidir o que é ensinado às nossas crianças, de modo que elas cresçam sabendo da riqueza e da importância de suas próprias culturas.

Exemplo no Campo: Soberania Alimentar e Agricultura Sustentável

No campo, a soberania alimentar é uma forma de descolonialidade. Em vez de depender de monoculturas impostas por empresas, podemos voltar às nossas práticas agrícolas tradicionais, que são sustentáveis e respeitam a terra.

Exemplo na Cidade: Representatividade e Desafio aos Estereótipos

Nas cidades, a descolonialidade pode ser vista na luta por representatividade em todos os espaços, sejam eles políticos, acadêmicos ou midiáticos. Isso é crucial para combater estereótipos e preconceitos que alimentam o racismo estrutural.

Fato sobre o racismo estrutural e sistêmico no dia a dia: Se você é indígena, isso vale em qualquer lugar! O uso de bens de consumo não te faz menos indígena, meus parentes. Mas, se você tem “dinheiro” para adquirir bens, produtos e serviços — diga-se de passagem, querer ter uma Toyota Hilux Versão Conquest de 2023 em diante, um carro elétrico chinês SUV BYD Yuan Plus EV (sim, eu quero ter um), ou até um novo iPhone 15, que é igual ao 14 e ao 13, só que mais caro — isso não te torna uma pessoa não indígena. Mesmo que você queira se fantasiar 365 dias por ano ou apenas no carnaval, você continua sendo uma pessoa indígena, parte de uma das 305 etnias existentes, em qualquer lugar do mundo, sendo parte de uma nação dos povos originários. 

(Eu sei que o bloco de texto acima parece um merchandising de anúncios de carros e telefones. Ah, como eu sei! Mas, pensando bem, até que não seria uma má ideia, né? Assim poderíamos pagar as contas do site sem sufoco e contratar uma equipe de comunicadores indígenas. Que tal?)

Ações Concretas e Caminhos a Seguir

Educação Decolonial: Implementar currículos escolares que incluam a história e a cultura indígenas é o primeiro passo.

EtnoMídia Indígena: Utilizar plataformas autônomas de mídia para contar nossas próprias histórias, desafiando as narrativas coloniais.

Engajamento Político: Participar ativamente da política para influenciar legislações que afetam os povos indígenas.

Alianças Estratégicas: Formar alianças com outros grupos marginalizados para combater o racismo estrutural de forma mais eficaz.

Preservação Cultural: Manter vivas nossas línguas, nossas danças e nossas tradições é uma forma de resistir ao colonialismo.

Empreendedorismo Indígena: Criar e apoiar negócios indígenas, como lojas online e fintechs, também é uma forma de praticar a descolonialidade.

Arte e Cultura: Ocupação e políticas públicas. Festivais de música, exposições de arte e outras manifestações culturais são espaços onde podemos expressar nossa identidade e resistir à colonização cultural.

Concluo em raso

A descolonialidade e a decolonialidade indígena são mais do que palavras da moda; são ferramentas que nos ajudam a viver de forma mais justa e equilibrada. A luta é de todos nós, seja na aldeia, no campo ou na cidade. E lembre-se: somos protagonistas de nossa própria história. A hora de agir é agora. 

Seja um bom ancestral hoje, parentes e “parênteses indígenas”!

Anápuàka Tupinambá

Fonte: https://radioyande.com/descolonialidade-e-decolonialidade-indigena-uma-urgencia-contra-o-racismo-estrutural-e-o-holocausto-indigena/

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