“Se eu for presidente, não terá garimpo em terras indígenas”, afirmou ex-presidente à Rádio Itatiaia, que também questionou sobre chapa com Alckmin
São Paulo – Em entrevista à Rádio Itatiaia (MG) nesta quinta-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a urgência da questão ambiental global e a questão indígena brasileira em particular, no contexto do chamado “Pacote da Destruição“ – o conjunto de projetos de lei em tramitação no Congresso que ameaça ainda mais as florestas brasileiras, facilita o desmatamento, a mineração e o garimpo em terras indígenas. Sobre eleições, o pré-candidato do PT às eleições presidenciais de outubro voltou a ser questionado sobre a formação de chapa com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
“Os índios não são intrusos. Eles estavam aqui antes dos portugueses chegarem. Nós não temos que importuná-los. Temos que dar o direito de viver dignamente. Cuidar da floresta, porque é mais importante para a humanidade cuidar da floresta amazônica do que achar um pouco de ouro nas terras indígenas”, disse Lula. “Se eu for presidente, não terá garimpo em terras indígenas”, afirmou.
Como em todas as entrevistas de quem tem participado, o ex-presidente falou sobre a escolha do ex-tucano Alckmin para ser seu vice, considerando que ambos estiveram em lados opostos nas últimas décadas. “Se você não votou em mim na eleição que eu concorri e quiser votar agora, você acha que eu vou recusar porque você não votou em mim?”, questionou de volta.
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“Ora, se eu tive uma divergência com o Alckmin porque ele foi candidato contra mim, eu tinha divergência com meu irmão Frei Chico quando a gente jogava bola, porque ele jogava em um time e eu jogava no outro. Se eu for colocar a divergência política-eleitoral em algum momento como paradigma para fazer política, é melhor eu não ser político”.
FHC e Serra
“Temos que saber qual é o momento em que estamos disputando, o que está em causa, o que você pode construir, o significado das alianças políticas que você faz. Não é pelo fato de eu ter sido oposição ao Fernando Henrique Cardoso que eu vou deixar de conversar com ele ou com o Serra. (…) Se em algum momento nós estivemos em lados opostos, a gente pode estar no mesmo lado em determinadas circunstâncias”, completou.
Ontem (9), PT, PCdoB e PV decidiram “caminhar para constituir a federação partidária”, enquanto o PSB segue de fora por decisão própria. O nó da questão segue sendo a disputa pelo governo de São Paulo. Tudo indica que PT e PSB, lançarão respectivamente Fernando Haddad e Marcio França para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes este ano, para se unirem num provável segundo turno, independentemente de qual dos dois passará. As pesquisas mais recentes indicam preferência do eleitorado progressista ´paulista por Haddad.
De acordo com a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Alckmin “ficou contrariado com a divulgação, feita pelo PSB, de que ele já acertou a entrada no partido”. O ex-governador queria ter concluído conversas que vinha mantendo com outras legendas, “para não ser deselegante e acertar o apoio deles à chapa”, informa a colunista. Alckmin gostaria inclusive de ter conversado com Lula, que estava em viagem ao México.
Em abril
À Rádio Itatiaia, Lula esclareceu que vai lançar sua pré-candidatura no começo de abril, logo depois do fim da janela partidária. De 3 de março a 1º de abril, deputados federais, estaduais e distritais poderão trocar de partido para concorrer à eleição sem perder o mandato.
Segundo o jornal O Globo, há a ideia de fazer um ato em São Paulo reunindo Alckmin e Fernando Haddad. E Lula ainda tem a expectativa de que o pré-candidato pelo Psol, Guilherme Boulos, se retire da disputa.
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Assista à entrevista à Rádio Itatiaia:
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